Com uma estética sombria e no mínimo fenomenal, Severance (Ruptura em português) é um mergulho profundo no universo utópico do trabalhador perfeito. Afinal, trabalhar intensamente seria um presente nos dias de ansiedade modernos ou um caminho já existente para nossa alienação de todos os dias?
A série lançada neste ano pela Apple Tv+ é uma distopia moderna muito semelhante ao sucesso da Netflix ; Black Mirror, que busca fazer episódios curtos e intensos de utopias onde a tecnologia de alguma maneira esfaqueia seu criador pelas costas. Severance não está tão longe disso.
Ambas as séries exploram a área cinzenta do ser humano, fazendo com que o espectador constantemente seja questionado sobre o que é certo e o que é errado.
“Ruptura” trata-se de um drama psicológico que desperta sua ansiedade desde o primeiro minuto ao apresentar seu plot com reviravoltas constantes e lentas a cada episódio.
A premissa é de uma tecnologia capaz de dividir a mente do ser. Em uma grande companhia chamada Lumen, o serviço de ruptura é oferecido. Com essa tecnologia é possível separar sua vida pessoal de sua vida profissional, ou seja, os trabalhadores de certo setor da empresa passam por uma cirurgia que divide seu cérebro permitindo que vivam duas vidas distintas.
Tentador em teoria e desesperador na prática.
Por mais complexo que pareça, as dúvidas que surgem nos forçam a continuar assistindo freneticamente. Seria essa cirurgia um presente da ciência para o trabalho focado e centrado ou uma alegoria de nossa alienação às grandes empresas?
Com cada personagem dividido em duas vidas, nós exploramos a complexidade da empresa e nos perdemos junto com eles (os personagens) nos mistérios que uma das maiores corporações do mundo escondem.
Ao resenhar a série vale ressaltar a profundidade do roteiro e de seus personagens. Mark, o personagem principal, é um ótimo exemplo disso. Isso porque mesmo se tratando da mesma pessoa conseguimos ver a ramificação na personalidade da versão “interna” comparada com a versão “externa” de cada trabalhador da Lumen.
Com cenários minimalistas somados à ausência de uma paleta de cores vivas, temos elementos chaves para construção da ansiedade monótona do universo de Severance. De lavagem cerebral a festas de panquecas, você como espectador experimenta um pouco da agonia dos próprios personagens.
A história melhora quando percebemos que como espectador não fazemos a menor ideia do que os membros do escritório passam o dia fazendo. Por que é preciso esquecer que você passa o dia todo apagando números em um computador? O que seriam os números assustadores? E por que cabras?
Por último precisamos ressaltar que a série é completamente única e dirigida de maneira incrível. Com atores sensacionais e nomes como Ben Stiller na direção, não teria como esperar menos da experiência que é assistir Severance. E da melhor maneira possível… Acabar a primeira temporada tão confuso como começou.
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