Your place or mine

Há quase 3 meses atrás aconteceu a estréia de uma das grandes apostas românticas da Netflix: “Na sua casa ou na minha?”, estrelando dois grandes nomes do gênero, Reese Witherspoon e Ashton Kutcher, o filme tinha tudo para se destacar, mas curiosamente não houve grande repercussão da obra em si. Apesar de muito potencial, o filme perdeu grande parte de sua visibilidade devido aos fiascos da imprensa, tudo começou no tapete vermelho da estréia, onde as duas estrelas posaram da forma natural e correta que pessoas em casamentos diferentes posam juntas. As fotos levantaram muita repercussão porque aparentemente os astros não tem química alguma, oque deveria na realidade validar ambos por estarem fazendo o correto. Além de ser triste ver a potência de uma má impressão dos fãs, também vale ressaltar que ambos são casados na vida real e estavam na estreia como suas próprias pessoas e não personagens. A estranheza por ver pessoas casadas respeitando seus esposos é assustadora e definitivamente um sinal de alerta para como nossa sociedade vê o casamento.

Outro fator que me espantou na repercussão de tudo isso é o questionamento de quantos atores já não foram obrigados a ter uma forte química com seus colegas a fim de bombar a bilheteria? Nomes como o de Ashton e Reese já estão em um patamar onde há escolhas na carreira, mas oque acontece com os que só agora estão começando?

Devido à escassez de repercussão do filme e a disseminação de que a dupla não é captivante eu acabei deixando o filme de lado, já que ultimamente as comédias românticas deixam a desejar mesmo. Entretanto alguns dias atrás resolvi dar uma chance ao filme e tive uma reação muito positiva, por isso decidi escrever essa resenha para induzir mais pessoas a darem a atenção que o filme merece.

“Na sua casa ou na minha”  conta a dinâmica de Debbie e Peter, 2 jovens americanos que moram em LA e ficam juntos por uma noite que acaba sendo um marco na grande amizade que eles cultivam por 20 anos depois.

No início do filme vemos Debbie ainda morando em LA no presente momento como uma mãe solteiro super protetora e esforçada, tão esforçada que sacrifica a sua paixão pela literatura para conseguir um emprego mais estável na área de finanças; do outro lado do país está Peter um corporativo solteiro  de NYC que leva uma vida bem solitária e nada como planejado por ele de 20 anos antes.

Tudo começa em 2003 quando os amigos, ambos aspirantes do mercado literário ficam juntos por uma noite; um jogo de pôquer na casa própria de Debbie (fato interessante aos olhos de Peter que aprecia a sua maturidade e seguridade) foi o marco do início de uma das únicas certezas da vida dos dois. 

Naquela noite de 2003, os dois  têm uma conexão muito recíproca, entretanto na manhã seguinte Peter pediu a Debbie para que a relação se mantivesse totalmente  restrita de amor, implicando que não era um bom momento para ele se relacionar com alguém. o pedido não atrasou o rumo da vida de Debbie, que em apenas uma semana, já estava jantando com quem seria o seu futuro marido, um escalador de montanhas. 

Três anos depois, Peter recebe alta de sua reabilitação e quando a amiga vai buscá-lo, aproveita para contar que está grávida do marido, curiosamente Peter se muda para NYC no mesmo ano, por um aparente medo de terremotos.

Os anos passam e junto a dupla se apoia durante todos os momentos mais difíceis da vida por exemplo;  Debbie ajudou Peter com suas 2 recaídas do alcoolismo e a morte de sua mãe. 

Os anos passam e a amizade se torna uma das únicas certezas na vida de ambos, que acabam tendo realidades completamente diferentes das que idealizavam na época do one night stand de 20 anos antes. 

Toda essa contextualização é retratada ao longo do filme que têm sua hist´ria realmente passada no presente ano de 2023; Debbie está se preparando para viajar sozinha pela primeira vez desde que teve seu filho de 8 anos, a viagem tinha o intuito de conseguir seu diploma a fim de ter um emprego mais estável, devido à sua dependência com o menino, Debbie tem como conforto saber que ao menos ira visitar Peter. Como em toda história, imprevistos acontecem e a babá encarregada de cuidar de Jack acaba tendo imprevistos e não pode mais ficar com ele, assim Peter oferece trocar de casa com Debbie, para que ela resolva seu diploma em NYC  e ele cuide do menino. A troca de lares é naturalmente a razão por trás do nome do filme…

O filme conta a semana que cada um passa, retratando ao longo dos diálogos toda a história por trás da amizade e revelando muitos segredos que ambos acreditavam naão existir na relação.

Com uma narrativa tranquila, gostosa e de bom humor o filme tem todas as características apreciadas nas comédias românticas e se destaca por ser uma das únicas produções recentes que valem a pena ser assistidas (assim como “Ingresso para o Paraíso”; vou até deixar aqui no ar – será que o que falta nas comédias românticas atuais são atores bons o suficiente? – assunto para um outro texto…).

O tom de “Your place or mine” é exatamente o tipo que me agrada, onde o enredo é oque mais interessa e não uma trama para um final surpreendente, o filme por toda sua duração é intrigante e captativo.