Na última semana, o rapper nordestino Matuê lançou seu último single “quer voar”. A canção já conta com mais de 11 milhões de visualizações no youtube e 5 milhões no spotify, além de ter alcançado o top 3 de músicas mais ouvidas na plataforma em apenas 24 horas.
O lançamento, porém, contou com uma estratégia ousada e polêmica, na qual o cantor anunciou a venda de um colar com o próprio sangue. O preço? A alma da pessoa que se interessasse em adquirir a peça.
A ação gerou certo burburinho na internet, tanto por pessoas que gostaram da campanha, quanto por pessoas que não curtiram, alegando principalmente que era “anti-cristão”.
Obviamente, não era necessário “doar sua alma” e muito menos o cantor estava distribuindo colares com o sangue, mas as pessoas que se inscreveram para receber o artefato, na verdade, receberam um email do Hemotify, plataforma que busca encontrar possíveis doadores de sangue. O sucesso da “brincadeira” foi tanto, que foram atingidos 400.000 potenciais doadores.
Além disso, ao final do clipe (que possui uma estética de vampiro), havia uma mensagem: “Durante os últimos dias inúmeros fãs do Matuê aceitaram ‘vender sua alma’ por um colar contendo gotas de sangue do artista. Enquanto isso, milhões de brasileiros precisam de doações de sangue para conseguir sobreviver. Dê seu sangue/alma pelo que realmente importa.”
Falando em números, a campanha conseguiu (até o momento em que este texto está sendo escrito) 10.249 doadores reais em apenas 4 dias após o lançamento do clipe, mais do que o dobro de pessoas que a plataforma tinha conseguido alcançar em quatro anos de atividade.
Ainda que muitas pessoas vejam o movimento como “individualista” ou marginalizado, principalmente por ser produzido por pessoas egressas de classes mais baixas que mencionam frequentemente o tema da ostentação, o mais legal é ver uma campanha do trap gerando resultados positivos socialmente, derrubando mais um estigma imposto por uma elite.
