“O Urso” pode representar várias coisas, porém, acredito que “coragem de evoluir” e “poder de ação” são as que melhores se encaixam no contexto dessa série.

Tudo começa com um irmão, que também é um primo, um amigo e um chefe. Michael, que, por mais que não seja um personagem presente fisicamente na série, é o que liga todas pessoas e acontecimentos da série “The Bear”.

Ela fala sobre os altos e baixos de um restaurante familiar em Chicago, o qual é retomado pelo irmão de Mike, após sua morte; Carmy é um chefe renomado que já trabalhou nos melhores restaurantes do mundo. Ele volta à sua cidade natal não só precisando de um descanso da pressão que é trabalhar sustentando estrelas Michelin, mas, também, para se reconectar com sua família, tanto a de sangue quanto a de consideração.

Carmy encontra o restaurante de seu irmão em caos – algo que já tinha se desacostumado após tantos anos sem um Natal em família – e resolve restaurar e reorganizar para que se torne um lugar para se orgulhar. Porém, a pilha de dívidas e rachaduras que afogam o lugar é astronômica, ainda mais adicionando a tensão emocional que pode se romper a qualquer segundo.

Agora falando dos personagens: Richie é um “primo” que faz de tudo um pouco e que, tentando fazer o bem acaba fazendo o mal; Sugar é a irmã que carrega o peso do mundo em seus ombros e isso a faz estressada ao limite; Sydney é a chef recém contratada que, após muitas reviravoltas em sua vida profissional, finalmente acha que encontrou seu ponto de estabilidade. Tina, Marcus, Ebra e Fak são funcionários que fazem parte da alma do restaurante; suas histórias são mais aprofundadas na segunda temporada. Os personagens mencionados anteriormente, juntamente com outros adicionais, criam um ambiente familiar bagunçado, ou seja, bem realista. 

Já o ambiente na cozinha é uma das coisas mais interessantes na série: o jeito com que eles se tratam com o maior respeito, se referindo  como “chef” independentemente de seu cargo; o “atrás” para ter certeza que não vão se esbarrar; a otimização de espaços na cozinha para diminuir o tempo em que as comidas serão feitas; a curadoria de experiências e sabores para apenas um prato. Saber de todos esses mínimos detalhes que acontecem no backstage de um restaurante com certeza muda sua visão de como é trabalhar nesse ambiente, seja de um jeito bom ou ruim; Acho que “surpreendente” é a palavra que mais definiu o meu ponto de vista nesse quesito.

Agora, na segunda temporada, que estreia dia 23 de agosto no Star+, podemos ver a série entrando cada vez mais na área emocional e familiar dos personagens, optando por focar em suas vidas em separados episódios – um estilo até meio que parecido com Euphoria, porém se estendendo ao episódio todo, não se limitando apenas ao começo – o que nos faz entender cada vez mais as motivações de suas ações. 

A jornada de realização profissional mostrada é extremamente satisfatória e te faz sentir orgulho, até raiva, às vezes, das personagens presentes. Luto, doenças mentais e estresse deixam “The Bear” realista, porém, de um jeito leve, dentro do possível, obviamente. 

Devo admitir que o que primeiramente me atraiu na série foi o ator protagonista, Jeremy Allen, que faz outra série que gosto muito chamada “Shameless”, na qual sua atuação me prendeu. Então, quando chegaram as ondas de elogios e recomendações, não foi uma surpresa, ao menos para mim.

Com certeza, “O Urso”, na tradução oficial, foi uma das minhas maiores surpresas no último ano, e, rapidamente, virou uma das minhas favoritas. Tenho certeza que, se você der uma chance para ela, vai ter um novo animal favorito, ou, ao menos, vai ficar com muita fome.