Se você é daqueles que adoram filmes “mais ou menos cult” (que, incrivelmente, tem um elenco bastante conhecido) e também é chegado em música “mais ou menos clássica” (algumas de bandas que não existem mais e você parece ser um dos únicos fãs) você com certeza conhece o filme Alta Fidelidade.

Se não conhece, tá esperando o que?

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Da tela escura,  ouvimos apenas um distante rock n’ roll. A tela vai clareando e só conseguimos ver os sulcos, negros e brilhantes, girando em precisas 33 1/3 rotações por minuto, a superfície constante e regular do disco de vinil. Passam os créditos, entra o título do filme.

Oras, aí já fica bem claro o principal: a música. Mais do que presente no filme, ela é também o principal elemento de todos os livros do autor cujo romance o inspirou: Nick Hornby.

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Nascido no interior da Inglaterra em 1957, fanático assumido por futebol e música, Hornby apresenta uma característica bastante interessante: é bem visto tanto por críticos de hollywood quanto pelos de literatura. Suas histórias, contemporâneas e urbanas, recheadas de referências musicais, funcionam muito bem em ambos os formatos.

Seu primeiro livro, Fever Pitch de 1992, é uma autobiografia que explora sua fixação quase obsessiva para com seu time do coração, Arsenal. Ganhou o prêmio William Hill de melhor livro sobre esportes do reino unido no ano de lançamento.

O livro virou filme na Inglaterra em 1997 e teve um remake americano em 2005, uma comédia romântica água-com-açúcar com Drew Barrymore e Jimmy Fallon.

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Seu segundo livro (e primeiro romance) é o tal Alta Fidelidade, lançado em 1995, em que o neurótico dono de uma loja de vinis deve conviver com os malucos que “habitam” a loja enquanto tenta reatar o relacionamento com sua noiva.

As marcas mais importantes do autor já estão nesse romance, a música e a neurose de seus protagonistas. Claro que o que não faltam são músicas e a Trilha Sonora é uma jóia por si só.

Em 1998, Hornby lança seu segundo romance que virou filme de sucesso: About a Boy, que ganhou o nome de Um Grande Garoto no Brasil, apresenta um “homem” imaturo, que vive de direitos autorais de músicas de seu pai, que se vê obrigado a conviver com um garoto cuja vida o obrigou a amadurecer rápido demais. 

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Uma bonita história sobre como cada tipo de pessoa pode ter algo a ensinar e algo a aprender, terminando, é claro, com uma apresentação musical. O filme contou com dois nomes de peso: o conhecido playboy das telas Hugh Grant e o, na época criança, Nicholas Hoult, que ficou famoso com a série birtânica Skins e hoje interpreta o Fera em X-Men.

Um de seus livros mais interessantes é o diferente 31 Songs lançado em 2002. Nele, Hornby apresenta ensaios para 31 músicas que tanto considera clássicas como aquelas que possuem grande significado emocional para o autor. É um verdadeira análise de como a música pode influenciar a vida de uma pessoa.

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Em 2005 o autor busca experimentar com o livro Uma Longa Queda, em que 4 pessoas completamente diferentes se encontram na véspera de Ano Novo, a data com o maior índice de suicídios do Reino Unido, no topo do edifício Toppers’s House, local também com maior taxa de suicídio de Londres.

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A coincidência é tanta que todos decidem se dar mais um tempo para tentar acertar seus problemas e se encontrar no mesmo lugar depois de um tempo para, talvez, terminar de vez com suas vidas. As histórias são bastante diversas em idade, classe social e natureza dos problemas, não sendo difícil ao leitor se identificar com aspectos dos 4 narradores.

Para variar, antes mesmo de ser lançado seus direitos autorais já foram vendidos para ninguém menos do que Johnny Depp e o filme sai agora em 2014.

Em 2009 Hornby lançou seu último romance até o momento, Juliet Nua e Crua, sobre um roqueiro dos anos 80 que precisa tentar voltar à fama para pagar as contas e, no caminho, acaba trocando cartas com uma antiga fã.

Além dos livros, Hornby concorreu ao Oscar de Melhor Roteiro adaptado pelo trabalho no filme Educação, adaptação de romance autobiográfico da jornalista Lynn Barber.

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Hornby é hoje um conhecido apoiador da escola especial TreeHouse, para crianças com Síndrome de Down, condição que seu filho também tem. Além disso, fundou em 2012 a Ministry of Stories, ONG que visa o letramento de crianças carentes em Londres.

Além de tudo isso, após confessar ser fã do músico Ben Folds em uma entrevista, o próprio convidou Nick Hornby para uma parceria, que resultou no álbum Lonely Avenue, que trata dos mais diversos assuntos, do amor ao ex-namorado da filha da política americana ultra-conservadora Sarah Palin.

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Legal pra caramba, não?

Mais legal ainda é uma coluna sobre literatura em que quase todas as obras abordadas são filmes. Vai entender…

Minha barba. Minha vida.