Esperança: muito além de uma palavra vazia.

Na vida de uma pessoa existem muitos momentos bons, cercados de amor e felicidade, mas os momentos mais complicados envolvem dificuldades, incertezas, mudanças e até mesmo medo do futuro. Assim, a esperança não é só uma palavra vazia, mas, sim, um sentimento de busca de algo melhor; às vezes esse sentimento é a única coisa que resta na vida de uma pessoa, até mesmo é o pilar de uma sociedade.

Hoje no Brasil, nós enfrentamos uma das maiores crises sociais e de saúde pública dos últimos anos: com a Covid-19 já foram mais de 457 mil mortos (dados do dia 28/05/2021); ainda por conta desse vírus mortal, a economia está afundando e hospitais chegam a não aceitar mais pacientes por falta de leitos. Mas, acima de tudo, o mais desesperador é quem nos representa: os governantes parecem viver em um sonho romano, no qual acham que pão e circo é a resposta para tudo. Muitas vezes eles se esforçam demais, mas se confundem com a época: ao invés de encarnarem gladiadores romanos, encarnam palhaços de circo.

A esperança no mundo das artes é muitas vezes o único meio de não enlouquecer, já que cultura muitas vezes é sinónimo de balburdia, mas na verdade são os perdidos quem pensam assim. Ainda existem frases do mundo do cinema e do teatro que se eternizam. Provavelmente uma das mais icônicas de todos os tempos é : “O show tem que continuar”. E realmente o show sempre deve continuar, sendo que enquanto houver um breve sussurro de vida, será o mais importante de todos.

O grande Arlindo Cruz produziu a música “O show tem que continuar” no ano de 2009:

“Mas iremos achar o tom
Um acorde com lindo som
E fazer com que fique bom
Outra vez o nosso cantar
E a gente vai ser feliz
Olha nós outra vez no ar
O show tem que continuar”

Mesmo já fazendo doze anos da estreia da canção, é facilmente visível que a música poderia ter sido escrita nos dias de hoje, já que o obscurantismo esteve por um longo período presente na sociedade, mas, ao menos parece que algumas pessoas estão voltando a enxergar e não se perdem mais em discursos vazios.

Nos cinemas, a esperança é abordada em diversos estilos de filmes, mas principalmente nos “Coming of Ages”, que são aqueles filmes que fazem parte das nossas infâncias, que acompanham o espectador em uma das fases mais complicadas da vida: o amadurecimento para vida adulta.

Em Jogos Vorazes, a esperança é o pilar da história já que os personagens vivem em um sistema no qual suas cidades são distritos e, uma vez por ano, mandam tributos para as pessoas se enfrentarem até a morte em uma arena. Assim, uma jovem resolve desafiar o sistema e mostra que as coisas podem ser diferentes. Mesmo sendo um mundo distópico, os ideais dos controladores desse filme parecem estar muito alinhados a algumas pessoas poderosas de nossas sociedades.

Na psicologia também existe uma vertente chamada psicologia positiva, que tem como um dos principais pontos a serem estudados a esperança, já que pensadores dessa vertente fazem uma metáfora dizendo que esperança é acreditar mesmo no que não se possa ver. Afinal, ninguém enxerga vida, mas sabe-se que estamos vivos.

Portanto a esperança até pode parecer um pouco clichê em um primeiro momento, mas ela é força e destreza, já que só nós podemos mudar as coisas ruins com esse sentimento que faz com que nos enchamos de vontade. Ainda quem não acredita que a esperança seja algo significativo na vida está aliado ao desespero, ao desapontamento e ao desamparo, já que são antônimos da palavra. Dessa forma, também é necessário que principalmente o povo brasileiro se embriague de esperança, já que temos muito a mudar.