Um futuro distópico, apocalíptico e totalitário é quase que unânime nas ficções científicas atuais. O otimismo é quase que execrado do gênero. Her é um longa que saí dessa dessa curva e nos mostra um amanhã mais bonito que o hoje (se é que isso é possível).

K. K. Barret produziu toda a estética do filme, desde arte, decoração e construção de imagem, ao lado de Spike Jonze. Os dois trabalham incrivelmente bem juntos, como já tinha sido demostrado em Onde Vivem os Monstros mas nada se compara à direção de arte impecável que Her tem.

Pegando inspirações nas paisagens de Tokyo em Encontros e Desencontros, uma produção de Barret com Sofia Coppola, trazendo-as para o background do filme, imergindo os personagens em um futuro milimetricamente planejado. A perfeita mistura entre Shanghai e Los Angeles, produzindo um híbrido com imagens de ambos locais. Her foi construído nas pequenas belezas do dia, porém colocadas em um contexto muito mais caótico e perturbador, é o que traz um humor negro para a produção, e talvez seja a única característica escura do filme.

Até porque nunca vimos antes um filme tão rosa, bordô e marrom, ainda mais levando em conta a sua origem distópica. Todo o tratamento de imagem foi intensamente pensado para trazer um tom harmônico e aconchegante para o espectador, fazendo o humano realmente emergir perante à todos os avanços tecnológicos que o futuro traz. Não é a toa que essa humanização foi levada tão a sério, até nas roupas meio retrô/hipster, óculos de grau e elementos (relativamente arcaicos) como papel sufite, que trazem identificação, proximidade, e uma quase nostalgia.

Her é simples e profundo ao mesmo tempo. Todos esses elementos serviram para construir a principal mensagem do longa: a relação humana entre a sociedade e a tecnologia, de uma maneira agradável e sensitiva. Um futuro charmoso e caloroso, que mostra o quanto o ser humano ainda pode continuar sendo o mesmo.

eu causei desgosto pro enem, mas to aqui.