Já perdi a conta do número de vezes que eu assisti esse filme, e é simplesmente o melhor do gênero “conforto” que eu já vi. Acho que justamente por ser uma obra romântica, com uma comédia casual e bastante drama, não porque ele é um show depreciativo, mas por tocar em assuntos delicados que normalmente ninguém aborda. Questionamentos esses que trazem filosofias novas, resgate de aprendizados e alguns momentos da vida que de primeira parecem banais, mas na verdade são essenciais. 

Pode pensar que, às vezes, a busca pela sua segunda metade da laranja pode vir no momento que você menos espera. Ou a pessoa que você pensava ser o amor da sua vida, pode ser nada mais do que sua primeira paixão. E o pior dia da sua vida pode ser, na verdade, o melhor de todos, porque sem ele você não seria nada. Até mesmo a tão desejada habilidade que o ser humano busca: o controle do tempo. Mas será que vale a pena ter esse poder? 

Questão de Tempo (2013) pode parecer um romance bobo e engraçadinho, que se aproveita da fantasia para mostrar um protagonista diferenciado, nesse caso, um que viaja no tempo. Mas se engana quem pensa tão ingenuamente assim, já que o longa britânico traz uma mensagem um tanto quanto essencial para o espectador, discutindo como o tempo é infelizmente inflexível, portanto, o máximo que podemos fazer é aproveitar tudo a nossa volta. 

Os personagens desenvolvidos são os que mais trazem o peso da comédia dramática para o filme, desde os mais secundários até os protagonistas. Kit Kat é uma menina exótica que te obriga a sentir o mínimo de empatia por ela, assim como Tio Desmond e sua mãe Mary. O pai, James é quem traz o artifício da viagem no tempo e um dos propósitos para se aproveitar o que resta na vida. E o principal do filme é Tim, que por uns momentos parece só estar perdido, mas com certeza é o que mais tem certeza das e proveito das escolhas que faz, ainda mais depois de conhecer Mary (mesmo nome de sua mãe), uma garota apaixonante e é possível enxergá-los como um casal da vida real. 

Como disse no começo, é um ótimo filme conforto, e acabei descobrindo que também é excelente para assistir com o seu amorzinho no Dia dos Namorados. No meu caso, assisti sozinho no quarto, mas me deu novamente a oportunidade de perceber o quão perspicaz ele é em seu roteiro, fotografia, direção, atuações, e lembrei do porquê é um dos 5 melhores filmes da minha vida. Talvez uma dica para poder sobreviver nessa vida tão monótona, ao mesmo tempo que é imprevisível até o limite do impossível. Talvez um filme que aumentou minha curiosidade por cinema diversas vezes durante a vida. Ou somente uma obra que aumentou meu repertório artístico e cultural, mas na verdade é um mantra que traz tanta sabedoria sobre aproveitar os momentos que em algum dia vão ser engolidos pelo tempo. Simplesmente amo esse filme e suas ideias.