É só dar uma passada entre as rádios enquanto você suporta o trânsito paralisado ou o aperto do transporte público para perceber o que está acontecendo. As estações de rádio recebem dezenas de músicas semanalmente e essas lotam as faixas de horário dos programas. Um hit aqui, outro ali e algumas acabam caindo no gosto do público, compondo as trilhas sonoras de filmes e novelas, enquanto outras acabam sentenciadas ao esquecimento.

Para conseguir sucesso não há uma fórmula fechada ou um caminho garantido para trilhar, entretanto alguns atalhos e elementos de produção são repetidos para conquistar uma massa sedenta por batidas e vocais. Retomar períodos musicais e samplear instrumentais icônicos, por exemplo, são atos bastante comuns nas produtoras mais famosas do setor.

Dessa forma, é nítido o fato de que indústria fonográfica vive um momento curioso, pois não se sabe exatamente qual é a predominância de estilo. Hoje as letras da dupla metalizada Daft Punk fazem sucesso, entretanto amanhã outro grupo pode viralizar nas redes sociais e disputar espaço com os músicos que estão há anos no mercado.

Tente responder a seguinte pergunta: qual é o gênero musical mais ouvido atualmente? A questão pode parecer simples, mas é extremamente conflituosa. As listas que enumeram as canções mais tocadas abrigam desde o pop chiclete até sons experimentais que vazam na internet. Não existe um padrão ou algum tipo de música que domine e paute assuntos e modos de agir.

O estado atual da música se esconde em um ponto de interrogação. Músicos não criam álbuns guiados por um conceito, mas soltam singles (um seguido do outro) para lucrar e espalhar uma ideia que se dissolve facilmente. O iTunes se transformou em um negócio milionário e é uma tarefa extremamente difícil listar canções que revolucionaram o mundo e foram lançadas na última década.

Assim, é possível explicar o motivo de várias canções serem inspiradas em outros momentos da história. Já reparou que existe uma tendência atual em buscar ritmos nos anos oitenta e setenta? O multi-instrumentista e produtor Mark Ronson se aliou com Bruno Mars para gravar “Uptown Funk” e essa parceria resultou em uma canção que se mantém há semanas nas “mais tocadas.”

Beyoncé trouxe The Jackson Five para uma das suas músicas mais populares, “Love On Top.” O norte americano Brandon Flowers está prestes a lançar um CD todo inspirado nas batidas dos anos oitenta. Snoop Dogg dedicou todas as cenas de “Sensual Seduction” para homenagear a mesma década. Britney e Iggy Azalea se inspiraram em personagens de Geena Davis para gravar o mais recente videoclipe, “Pretty Girls.”

Os exemplos são infinitos e as provas de que a música atual está lotada de viagens ao tempo e saudosismo são inegáveis. No final das contas, o que realmente importa é manter o som alto e apoiar as produções para que elas não parem de acontecer, sejam elas carregadas de referências ou não.

Nome de rei, força de vontade de plebeu.