George Orson Welles é um ator, diretor, escritor e produtor de teatro, rádio e cinema nascido em 6 de Maio de 1915 em Kenosha – Winsconsin e falecido em 10 de Outubro de 1985 em Los Angeles – Califórnia. Welles é muito reconhecido pelas seus incríveis trabalhos nesses três formatos, como a sua revolucionária adaptação da peça Júlio César na Broadway em 1937, a sua adaptação de Guerra dos Mundos (1938) no rádio e seu debut como diretor com Cidadão Kane (1941), um dos maiores filmes da história.

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Com um extenso trabalho tanto no rádio quanto no teatro, Welles é na grande maioria das vezes lembrado por seus trabalhos no cinema. Suas obras giravam muitas vezes em torno da ascensão e queda de suas personagens principais (Como o próprio Cidadão Kane, Hank Quinlan em A Marca da Maldade e Arkadin em Grilhões do Passado), que assim como nas obras de Shakespeare, eram desconstruídos/destruídos por seus próprios vícios.

Welles também era famoso pelo seu péssimo relacionamento com muitos produtores e seus posicionamentos políticos fortes, tendo sido um dos primeiros artistas a se posicionar contra ao preconceito racial nos E.U.A. e contra a segregação.

 

Algumas obras notáveis:


1 – Cidadão Kane (1941)

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O longa de estreia de Orson Welles narra a ascensão e queda de um mito da imprensa americana. De garoto pobre no interior a magnata de um império do jornalismo e da publicidade mundial. Inspirado na vida do milionário William Randolph Hearst. Cidadão Kane é considerado por muitos o maior filme da história do cinema.

 

2 – A Dama de Shanghai (1947)

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Michael O’Hara (Orson Welles) é um marinheiro que vê a bela Elsa Bannister (Rita Hayworth) passeando de charrete no parque. Ele a ajuda quando ela é assaltada por três homens, levando-a até seu carro. No dia seguinte Michael recebe a visita de Arthur Bannister (Everet Sloane), marido de Elsa e um advogado criminalista consagrado, que deseja que ele trabalhe em seu iate durante uma viagem que o casal fará. Inicialmente relutante, Michael aceita o trabalho devido à atração que sente por Elsa. Na viagem também está George Grisby (Glenn Anders), sócio de Arthur, que oferece dinhieiro a Michael para que ele mate seu sócio.

 

3 – Otello (1952)

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Baseado na icônica peça de William Shakespeare, Welles dirige e encarna o papel principal nessa tragédia. Desdêmona, a filha de um aristocrata de Veneza, é comprometida com Iago, porém foge com o heróico militar Otello. Se sentindo traído, Iago passa a perseguir e planeja separar o casal. Otello recebeu a Palma de Ouro do Festival de Cannes no ano de 1952.

Shakespeare sempre foi uma grande influência para Orson Welles. Além desse filme, Welles dirigiu uma versão de MacBeth para o cinema e, no início da carreira, adaptou a peça Júlio César na Broadway.

 

4 – A Marca da Maldade (1958)

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Ao investigar um assassinato, Ramon Miguel Vargas (Charlton Heston), um chefe de polícia mexicano em lua-de-mel em uma pequena cidade da fronteira dos Estados Unidos com o México, entra em choque com Hank Quinlan (Orson Welles), um corrupto detetive americano que utiliza qualquer meio para deter o poder.

Existem 3 versões diferentes desse filme, a versão originalmente lançada de 1958 (em que a Universal cortou e refilmou algumas cenas), uma versão mais longa disponibilizada em meados dos anos 70 e uma versão restaurada em 1998 que busca seguir um memorando escrito por Welles durante as gravações do filme e essa versão começa com um comunicado avisando a tentativa de o filme ser o mais fiel possível às intenções do diretor. O corte original que Welles submeteu para a Universal foi perdido.

 

5 – O Processo (1962)

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Joseph K. (Anthony Perkins) é um homem reservado, que vive na pensão da senhora Grubach (Madeleine Robinson) e se dá bem com todos os demais moradores do local. Um dia ele é acordado por um inspetor de polícia (Arnoldo Foà), que lhe informa que está preso mas não o leva sob custódia. Durante o processo Joseph segue com suas atividades normais, tendo apenas que ficar à disposição das autoridades a qualquer hora do dia. Incomodado por não saber do que está sendo acusado, ele decide investigar em busca de uma resposta. Baseado no clássico livro de Franz Kafka.

 

6 – Verdades e Mentiras (1974)

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F for Fake é um documentário ensaístico, um filme sobre a fraude, a mentira, nos seus vários ângulos. Centra-se na vida do famoso falsificador de arte Elmyr de Hory.Welles surge em vários locais, inclusive num restaurante, até numa suposta sala de edição, criando um filme dentro do filme.

 

Bônus: No dia 30 de Outubro de 1938, na véspera do Halloween, a rádio CBS interrompeu sua programação para noticiar uma invasão alienígena próxima a Nova Iorque, que nada mais era do que uma adaptação radioteatral da obra “Guerra dos Mundos” de H.G. Wells.

O molde da transmissão já havia sido explorado pela emissora em adaptações de “Drácula”, “A volta ao mundo em 80 dias” e “A ilha do tesouro” em semanas anteriores, mas isso não impediu a grande parte das 6 milhões de pessoas que ouviram o programa de entrar em pânico.

Com músicas orquestradas (que seriam a programação habitual) sendo interrompidas por “furos de reportagem”, inúmeros atores simulando reportagens externas, especialistas, cientistas e personalidades políticas, o roteiro escrito por Orson Welles  formatou o programa para se assimilar a uma notícia real.

Como pode ser conferido no link abaixo, no princípio da transmissão a rádio anuncia o programa como sendo uma adaptação da obra do escritor britânico. O anúncio que explicava do que se tratava o programa não foi repetido durante a transmissão – como normalmente ocorre nesse veículo -, o que foi determinante para os inúmeros casos de espectadores que entraram em choque ao ouvir o programa.

Existem boatos de linhas telefônicas sobrecarregadas, congestionamentos em estradas por pessoas fugindo da região e até relatos/boatos de suicídios por conta dos que tomaram como verdade essa adaptação de Welles.

 

Nos 100 anos de seu nascimento, só nos resta celebrar e ver/rever suas grandes obras. Welles é, definitivamente, um dos nomes que marcaram a sétima arte para sempre.

 

Sai sempre de casa com uma palheta, uma câmera e um livro.