A segunda temporada de Master of None chegou esse final de semana a Netflix, mais ambiciosa e bem pensada que a primeira, mantendo-se uma mistura episódica e sequencial que rendeu um Emmy de melhor roteiro a Aziz Ansari em 2016.

Fugindo da fórmula da primeira temporada, na qual Dev, protagonista inspirado e interpretado por Ansari, refletia mais a fundo sobre algo e aprendia com aquilo, a segunda se atém mais a ideia de contar diferentes histórias, focadas em nossos hábitos, costumes e gostos.

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Com o início na cidadezinha italiana de Modena, onde Dev, passara um tempo aprendendo a fazer massa, a série preza por uma estética própria e geralmente renegada em comédias. O primeiro episódio da segunda temporada, por exemplo, é inteiramente em preto e branco, retomando clássicos italianos. Em outro, acompanhamos o protagonista em uma série de encontros do Tinder, com uma edição impecável, que faz com que todos eles se misturem em apenas um.

A medida em que Dev retorna a Nova York, voltamos a acompanhar as questões trazidas na primeira temporada, mas dessa vez com mais foco e direção. São tratadas religião e sexualidade com sensibilidade e humor. Tarefas triviais são filmadas e editadas com uma atenção e precisão que valorizam a série ainda mais.

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O melhor episódio da temporada, em minha opinião, é o sexto, New York I Love You. Quatro histórias nova-iorquinas, no estilo de Relatos Selvagens, totalmente diferentes se interligam, com um roteiro realista e bem-humorado, sendo um retrato otimista da cidade em um momento tão pessimista.

Em momentos como esse, no qual a polarização é mais do que frequente e a comunicação é cada vez mais ruidosa, uma série como Master of None aprecia os pequenos prazeres da vida, levando uma leveza necessária às nossas telas.

De grão em grão, tanto bate até que fura.