Certamente, a segunda temporada de Demolidor teve em seu coadjuvante um dos arcos mais brutais, sombrios e melancólicos possíveis. Mesmo que tenha sido apenas uma pequena ideia, Jon Bernthal personificou o melhor Justiceiro ao longo dos anos.

Por conta disso, a expectativa sempre esteve alta para sua série solo e o que iriam trazer de fato para esse personagem tão perturbado e sofrido dos quadrinhos da Marvel.

Desde que perdeu sua família, Frank Castle se tornou uma arma humana com um objetivo claro: tornar a sociedade mais segura e impedir que o mesmo acontecesse com qualquer outra família. E essa narrativa sempre foi bem simples nos quadrinhos. Suas histórias sempre foram excelentes, mas se olhar de perto, podemos definir Frank Castle como um cara que vive uma guerra interna e tudo se resume a uma simples equação (tragédia + veterano de guerra – família = o Justiceiro).

Criar uma origem mais complexa para o Justiceiro foi uma saída bem interessante dos roteiristas da Netflix. Eles conseguiram construir uma história de conflitos políticos relacionado às atitudes tomadas em guerra pelos EUA com a criação desse homem. Misturou o que o Justiceiro tem de melhor em guerra (fica a dica de leitura: PUNISHER BORN) e ainda nos mostrou como Frank é atormentado pelos fantasmas de seu passado diariamente.

A atuação de Bernthal é impecável nesse quesito e você consegue olhar em seus olhos e ouvir na sua voz, o desespero que é estar vivo todos os dias sabendo que você perdeu todos aqueles que amava. Basta ver os primeiros minutos da série para perceber como seu método de atuação faz jus à personagem tão aclamada pelos fãs. Uma vez que Bernthal já revelou em entrevistas que não consegue sair do personagem e carrega toda essa energia sombria consigo durante o período de filmagem.

A série ainda tem grandes momentos de seus coadjuvantes que conseguem mostrar uma crítica bem dura à sociedade americana, seus veteranos de guerra e ainda discutir questões de armamento, em tempos tão tristes na história do país. Todos os arcos ali presentes servem como uma leve facada na história americana que foi marcada por guerras e muitas armas.

O Demolidor conseguiu introduzir o Justiceiro de uma forma brilhante e ainda trouxe aos fãs o maior dilema moral presente entre o Homem sem Medo e Castle, porém a nova série da Marvel com a Netflix conseguiu aprofundar o conflito interno e ainda somar excelentes críticas e uma história de origem mais profunda a um dos personagens mais adorados da Marvel.

Jon Bernthal conseguiu trazer o que ninguém nunca trouxe às telonas, a história e o sofrimento de um homem que voltou de uma guerra para viver eternamente preso no inferno.

Com o pé na estrada e a cabeça na lua.