#Sinapse por Henrique Castilho

 

 

Caetano Veloso disse que fica irritado quando algumas pessoas vêm abordá-lo na rua e percebem que ele é um cara normal. Esses fãs gostariam de encontrar uma figura excêntrica, incompreensível, cujas ideias complexas se engasgariam nas palavras. Mas acabam conhecendo um senhor bem-humorado, que não economiza seu tempo para conversar com os outros. Caetano Veloso faz arte para ser entendido, diferente dos “gênios incompreendidos” que defendem sua genialidade com atitudes excêntricas como, por exemplo, andar pelas ruas segurando seu genital-genial.

 

 

 

O mesmo acontece em sala de aula. Diferente do que se espera de um curso de comunicação (ou qualquer outra faculdade de formação humanística), as aulas carecem de discussões. Os alunos aceitam e decoram conteúdos subjetivos como se fossem fórmulas matemáticas. E os professores, acostumados com essa passividade, não fazem questão de desconstruir teorias nem de cobrar leituras extra-curriculares, coisas de que eles seriam capazes (a maioria dos professores da ESPM têm mestrado, basta abordar algum em intervalos de aula para perceber o quanto dominam da área). Somos fãs intimidados para questionar o que os gênios pós-graduados nos lecionam – e eles querem ser questionados (“alguma pergunta?”, “todo mundo entendeu?”, “alguém fala alguma coisa, por favor…”).

E por não discutirmos em sala de aula, não conseguiremos discutir em bebedouros de agência, xerox de empresas nem mesmo mesas de bar. Ou trataremos como dogmas teorias que já estão bem fora de uso, como a pirâmide de Maslow ou discurso aristotélico em redação publicitária. Enquanto isso temos vergonha de fazer comentários ou alimentar discussões em sala de aula, intimidados pelo próprio silêncio da classe. Podem entender isso como um desabafo de um nerd. Afinal, o ambiente acadêmico é tão cafona.

 

 

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Henrique passa as manhãs dos dias de semana na ESPM, as tardes dos fim de semana tocando música e as noites de terça vendo a Portuguesa no Canindé.