Pois é, uma mistura um tanto quanto inusitada, mas que funciona de maneira quase que perfeita no livro “Metanoia”, de Cora Menestrelli.

Daniel, 27 anos, era o melhor jogador de futebol do mundo, mas sofreu um acidente e por isso teve que deixar de jogar. Isso fez com que ele acabasse tendo um monte de traumas, até porque foi algo que aconteceu do nada. Ninguém está preparado para virar um fracasso do dia pra noite, né. O livro começa – e juro que não é spoiler – com Daniel virando treinador de Mariana.

Mariana, 25 anos, é goleira de um time pequeno, estuda Relações Internacionais e odeia Daniel. Eles já se conhecem há mais de 10 anos, e vamos dizer que ele não foi assim… tão legal com o pai da Mari. Só por birra, Daniel também rebate esse ódio dela. Agora, ela vai ter que aturar ele toda semana por meses, o seu próprio pesadelo, e, claro, tudo piora! Acaba que uma fake news é espalhada pela mídia e eles tem que engatar em um namoro falso, isso mesmo, FALSO.

A história é levemente longa e o romance é slow burn, ou seja, demora para o casal finalmente ficar junto, na real que demora até para rolar um mísero beijo. E vou confessar aqui: desisti nos primeiros 30% do livro e acabei voltando depois de um tempinho, porque não estava acostumada com essa demora. Mas, te juro, depois que você engatar na história, não para mais!

Infelizmente não existe em livro físico, apenas ebook. Esse é um dos maiores problemas, porque acaba não sendo tão acessível, mas se você tem algum amigo que tem Kindle, pega emprestado AGORA e vai ler!

Bom, a filosofia se encontra mais no conceito que acaba virando o título, Metanoia – mudança essencial de pensamento ou caráter por conta de um acontecimento. Eu não acreditava ser algo importante, pensei que poderia ser só uma graça, mas lá para o final essa definição me fez ter um pequeno surto.

E aqui começam as minhas críticas ao livro, porque, infelizmente, nem tudo é perfeito (só os livros da Taylor Jenkins). Meu primeiro ponto é a forma como o casal passa pelos altos e baixos, em muitas brigas. Achei cansativo. Só não precisava acontecer, sabe? Mariana também me irritou. Não me leve a mal, ela é incrível, mas nos momentos de briga consegue ser extremamente imatura. Isso acabou não evoluindo ao longo da narrativa, então, ela não teve crescimento enquanto personagem. Fora isso, algumas outras coisas me incomodaram, mas vou me controlar porque não posso contar toda a história, né? Apesar de tudo isso, não foram motivos suficientes para me fazer não gostar do livro.

Claro que tenho milhares de pontos positivos e escolhi dois, meus favoritos: a representatividade e o enemies to lovers (inimigos para namorados). A representatividade se dá na sexualidade da maioria dos personagens e no fato de que Mariana é uma mulher negra. Não são questões que aparecem o tempo todo, mas que dão outra cara para a história. O enemies to lovers foi algo positivo para mim, porque não sou de ler – nem gostar – desse tipo de romance. Já li alguns e desisti de vários, mas, nesse livro, achei que a história flui de uma forma bem tranquila.

Em inúmeros momentos, você vai surtar, querer abraçar o Daniel e depois dar um soco na cara dele, mas é por isso que o livro é tão bom. Você se apega e sente que é amiga de todos os personagens. Um livro simples, mas que diverte!