banner_flip

Esse Sábado amanheceu chuvoso e nublado em Paraty. Depois de um belo café da manhã na pousada com um bolo de chocolate e 2 xícaras de café, partimos para a tenda dos autores assistir a mesa com o dramaturgo e roteirista inglês David Hare.

O britânico falou da sua relação com o teatro e como a construção dos diálogos são importantes para sua obra. Hare passou um bom tempo da palestra se posicionando contra as política neoliberalistas atuais e logo começou a falar de seu trabalho no cinema.

David Hare roteirizou os filmes “As Horas” e “O Leitor”, ambos do cineasta Stephen Daldry do qual já falamos aqui no Newronio, além do filme “Perdas e Danos”, de Louis Malle com os gigantes Jeremy Irons e Juliette Binochet no elenco. Hare comentou que trabalhar no cinema é como escrever algo que não é seu e abordou um pouco as sutilezas que o autor deve ter para lidar com os produtores, chegando a se comparar com um advogado que tinha o roteiro como cliente.

Uma passagem interessante é quando ele comenta ter sido convidado para dirigir os atores dos episódios I, II e III da saga Star Wars, onde George Lucas lhe propôs dirigir os quadros enquanto Hare dirigiria os atores. Hare, britanicamente lhe respondeu: “Dirigir um novo Star Wars? Mas pra isso eu teria que ver os outros 3…”, arrancando risadas e aplausos da plateia.

Às 15h, assistimos a um evento da off-FLIP que tratava de direitos autorais na literatura, com biografias, e-books e mudanças tecnológicas, algo que vem sacudindo a indústria literária ao longo da última década e que é imprescindível para qualquer companhia que trabalhe com literatura.

Depois de um almoço tardio no centro histórico e um café coado com caldo de cana no Café Pingado, circulamos pela praça onde se concentram os eventos da Flipinha, onde inúmeros autores independentes vendiam seus livros e inúmeras crianças, ainda no ritmo de Festa Junina, estouravam bombinhas no meio da praça.

Às 19:30, a mesa que apresentaria Roberto Saviano, autor de “Gomorra”, e que foi impedido de vir até a FLIP por problemas de segurança devido aos esquemas de poder paralelo e máfia italianas que ele escancara em sua obra. Foi mostrado um vídeo de Saviano se desculpando por não poder vir até aqui e ele foi substituído na mesa pelo repórter britânico Ioan Grillo e pelo jornalista mexicano Diogo Enrique Osorno.

Eles falaram muito sobre a situação do narcotráfico no México e na América Latina, além da relação direta com o tráfico na América do Norte. Os jornalistas ressaltaram a violência excessiva que o narcotráfico gera e seu impacto na sociedade desses países.

Logo em seguida, depois de um café, a mesa das 21:30 contou com o poeta e eterno-titã Arnaldo Antunes e um dos maiores expoentes da nova música brasileira, a pernambucana Karina Bühr que leram e cantaram seu poemas-canções de seus mais recentes livros de poesia em um fechamento belíssimo para o quarto dia da FLIP 2015.

Amanhã postamos aqui o que rolou na FLIP nesse Domingo, onde teremos uma mesa chamada “Livro de Cabeceira” com inúmeros autores dessa festa, Marcelino Freire, Ngugi wa Thiong’o, Colm Toíbín e uma mesa com o cubano Leonardo Padura e Sophie Hannah sobre literatura policial. Até amanhã!

Sai sempre de casa com uma palheta, uma câmera e um livro.