Saí de Sampa às 8:30 da manhã rumo ao Rio para cobrir a FLIP, ou Festa Literária Internacional de Paraty. Trouxe – por pura falta de noção e referência climática – uma jaqueta de couro e duas blusas de lã bastante grossas para uma temperatura que eu tenho certeza nunca ter ficado abaixo de 20 e poucos graus (apesar de que o Nelson Pereira dos Santos e aquela música da Fernanda… Fernanda… Como é o sobrenome dela? Fernanda Abreu! Bom… Eles já tinham me dado uma pista: Rio 40 Graus). Trouxe, também, um livro na mochila – esse por pura falta de noção mesmo porque o que mais tem aqui são livros para ler, né? – e um iPod carregado de discos de rock setentista pra encarar as mais de 6 horas dentro do ônibus.
Depois de alguns discos do Santana, do George Harrison, do Rory Gallagher (confira o álbum DEUCE dele, conheci na viagem e recomendo mucho) e cobrindo quase toda a carreira do Paul McCartney com os Wings enquanto descia a serra, cheguei na rodoviária e corri pra pousada.
Por volta das 17h vim até o centro para fazer um reconhecimento e tentar me manter a par dessas opções infinitas de mesas e palestras e rapazes cantando Legião Urbana nas calçadas e, no fim, tentar traçar um plano para os próximos dias.
Passando pela Tenda dos Autores, encontrei um telão onde as mesas são exibidas do lado de fora da tenda (e onde pouco depois assistiria à abertura tomando um cafézinho) e um pouco mais pra frente encontrei a Livraria da Travessa – que pelo que me foi explicado é a Livraria Cultura dos cariocas. Essa magnífica livraria – que eu só não vou dizer que é tão boa quanto a Livraria Cultura porque sou um paulista bairrista – já me fez adquirir “Serafim Ponte Grande” do Oswald de Andrade, uma leitura que há muitos anos eu estou devendo.
Saindo da livraria sentei em um café de frente para o telão para assistir à abertura. A mesa formada por Beatriz Sarlo, Eliane Robert Moraes e Eduardo Jardim discutiu um pouco sobre Mário de Andrade, o grande homenageado desse ano. Beatriz Sarlo traçou paralelos com autores argentinos, Eliane discutiu alguns versos do escritor na perspectiva de seus estudos de literatura erótica e Eduardo Jardim, autor da mais recente biografia sobre Mário, contou um pouco da sua história até ser interrompido por uma surpresa/performance de Pascoal da Conceição – você sabe quem ele é, sim: o Dr. Abobrinha – que declamou alguns versos de Mário de Andrade de chapéu e terno branco, que o deixaram ainda mais parecido com o escritor.
Partindo para a praça depois da mesa de abertura, encontrei a musicista Lasalvia que cantou uma versão fantástica de O Trenzinho Caipira, de Villa Lobos e Ferreira Gullar, na viola caipira. Nessa praça encontrei um amigo que me apareceu com um panfleto da Off-FLIP, uma FLIP alternativa, “independente” e saímos rumo a um sarau de poesia (que quando chegamos já havia acabado).
Porém-contudo-todavia-entretanto encontramos nessa esquina-sarau dois senhores, um violonista e um cantor, destrinchando algumas canções mineiras do Clube da Esquina. O senhor canhoto de rabo de cavalo é um dos violonistas mais incríveis que já vi tocar e eles apresentaram uma versão virtuosa de “Morro Velho”, originalmente cantada por Milton Nascimento para os poucos presentes. Um incrível desfecho para o dia 1 dessa décima terceira edição da FLIP.
Amanhã postamos o dia 2, que vai ter a cobertura de uma mesa com Luiz Ruffato e João Anzanello Carrascoza (escritor e professor da ESPM) além da última mesa da noite com Marcelino Freire e Jorge Mautner. Até amanhã!
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