Euphoria não se importa com o que você viu antes, muito menos teme de forma alguma quebrar as “regras” inventadas pelas gerações passadas do audiovisual. A série costura uma história forte, explícita, honesta e ousada, se transformando num sucesso inabalável de público e crítica, e, por consequência, um dos grandes vencedores do Emmy 2020.

Para quem não conhece, a série é protagonizada por Zendaya como Rue, uma adolescente viciada em drogas que acabou de voltar da reabilitação, narrando sua vida, dos piores aos melhores momentos, em voiceover.

Tudo começa a melhorar depois que ela conhece Jules (Hunter Schafer), uma garota transgênero nova na cidade. As duas acabam criando um laço de amizade profundo que leva a um romance delicado.

Com sua estética experimental poderosa, repleta de jogos de luz e takes inteligentes, Euphoria acaba sendo uma experiência única até mesmo para quem não se interessa muito pelos dramas adolescentes. É uma visão gráfica, corajosa e um tanto quanto polêmica de como é crescer no mundo de hoje, tratando sem medo temas como o abuso de drogas, sexualidade, gênero e as novas mídias sociais.

Quando questionado sobre a criação da série, Sam Levinson, que baseou a história em sua própria luta contra o vício, contou que buscava trazer um olhar sobre o amadurecimento diferente das trupes regradas e clichês que estamos cansados de ver na TV. E ele definitivamente conseguiu. “Eu dizia ‘Vamos quebrar todas as regras que pudermos.’ Porque parece que a forma como consumimos histórias, neste ponto específico no tempo é casual demais… Desconstruir narrativas tradicionais parecia a maneira perfeita de contar a história. Quebrando a quarta parede, usando de uma narração que muda de primeira pessoa para onisciente seria parte do DNA da série. E tentamos não ter medo disso. ” Conta Levinson, “Além de que tendo a não abordar as coisas tão intelectualmente no início. Talvez para que eu possa olhar e ver com mais clareza o que estou fazendo. Começo com os personagens e suas vidas pessoais. A série é sobre experiência subjetiva. Eu permito que essa experiência guie a história.”

A série se destaca porque é empática, real e dura. Não precisamos ter passado por tudo que vemos nos episódios para nos identificar com as emoções que as personagens provocam. Euphoria nos ensina a correr riscos para contar histórias sinceras e sem moderação, que não se preocupam em se perguntar se as pessoas que assistem ao programa esperam que certos tipos de histórias sejam contados.

A Geração Z cresce sem moderação, cercada por meios virtuais desregrados e polêmicas globais infindáveis. Ter um programa de TV que reflete essa realidade sem qualquer receio e com a melhor fotografia possível não é só gratificante como extremamente necessário.

Construindo minha odisseia com palavras que encontro por aí