Bojack Horseman, uma das animações mais aclamadas da Netflix, foi ao ar em 2014 e é muito discutida por todo o seu universo niilista, conjuntamente com as novas animações adultas que também tratam sobre esse tema, além de assuntos como depressão e ansiedade materializados em desenhos com um ar infantil.
Indo contra essa onda, o canal de Will Schoeder, optou por explorar o seriado de uma ótica diferente, o das narrativas. A maioria dos sitcoms americanos, apresentam um ideal de que encontrar a felicidade é uma tarefa fácil. Episódios leves e engraçados que, eventualmente, se encerram com um abraço e uma lição moral trivial sobre como as pessoas são boas e sem qualquer consequência emocional. Bojack vai contra essa linearidade, através das crenças de seu criador, Raphael Bob-Waksberg.
“Eu não acredito em finais. Eu acho que você pode se apaixonar, se casar e ter um casamento incrível, mas você ainda vai acordar na manhã seguinte e continuar sendo você. Você pode ter o pior dia de sua vida, mas o dia seguinte não vai ser o pior dia da sua vida, e eu acredito que isso funciona tanto positiva como negativamente. Todas essas coisas que acontecem são moments in time, e por conta de toda a narrativa que experienciamos, todos meio que internalizamos a ideia que trabalhamos para um bem maior, e se colocarmos as coisas em ordem vamos ser recompensados e tudo finalmente fará sentido. Mas a resposta é que nada faz sentido, pelo menos até onde eu descobri.” disse Waksberg, ou seja, a principal mensagem que permeia toda essa narrativa é: EXISTIR É DIFÍCIL, a vida é feita por momentos positivos e negativos e, raramente você vai conseguir o desfecho que precisa.
A série faz um paralelo óbvio entre a vida de Bojack enquanto dentro de Horsin’ Around, com todos os aspectos de uma boa sitcom dos anos 90, e seu dia a dia que acontece por trás das câmeras que segue complexo, denso e em constante construção. Ela luta contra o conceito que foi incorporado como narrativa vigente de nossas vidas que: se você fizer tudo dentro dos conformes você será recompensado com um desfecho em que tudo tenha sentido e um propósito.
Ao contrário da grande maioria de seus antecessores, Bojack é serializado. O que significa que seus episódios não precisam ser amarrados em finais felizes e narrativas presas aos 20 minutos de um episódio. A tensão nunca é completamente aliviada, e o espectador tem o trabalho de se forçar entender a vida da personagem, aproximando-os da vida real. Os personagens mudam, mas só se realmente quiserem e trabalharem para isso diariamente, em um processo árduo. Principalmente quando falamos de Bojack, o protagonista que, além de lidar com um caso de depressão clínica, vive na frustração de desejar que a sua vida fosse tão simples quanto seu sitcom e os filmes em que se inspira.
Mas esse é o sonho, não é mesmo?
O vídeo também aborda os paralelos entre o que acreditamos vs. as nossas ações, um recurso muito utilizados em sátiras que, novamente são abordadas de uma maneira rara em seriados dos anos 90. Além de abordar o processo da expectativa, pelo qual Bojack sempre está passando, sendo com seu livro, seu papel em Secretariat ou o Oscar. Bojack nunca está feliz e nunca nada é o suficiente para preencher o seu vazio.
Você pode conferir o vídeo abaixo, mas CUIDADO: CONTÉM SPOILERS DA TEMPORADA 1-4.
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