“Sob essa máscara, há mais do que carne. Sob essa máscara, há uma ideia, Sr. Creedy. E ideias são à prova de balas.”

V de Vingança foi um fenômeno que causou grande impacto na cultura e política desde o seu lançamento. A série de quadrinhos de Alan Moore e David Lloyd, publicada entre 1982 e 1983, narra uma Londres dominada por um regime totalitário e fascista bem fiel aos moldes de George Orwell, sendo combatida por um revolucionário mascarado chamado “V”.

E desde então, a máscara branca utilizada pelo protagonista V caiu como uma luva (quer dizer… uma máscara mesmo) na mente do público e marcou o imaginário popular, tornando-se um ícone midiático e sendo amplamente comercializada desde o lançamento do quadrinho e do filme de 2006.

A máscara de Guy Fawkes também foi adotada pelo grupo hacker de cyberativismo “Anonymous”, cujo integrantes – como o próprio nome sugere – mantinham suas identidades escondidas. Os anônimos atuam na internet desde 2003 sob a prerrogativa de defender a liberdade digital e eventualmente se envolvendo em causas políticas, como a Primavera Árabe, conflitos contra o Estado Islâmico, e as manifestações de 2013 no Brasil.

A máscara branca com uma expressão provocativa se tornou peça obrigatório para manifestantes ao redor do mundo. E ela não serve apenas para ocultar a identidade: Assim como V profetizou na obra, essa máscara representa uma ideia. E os manifestantes brasileiros se apropriaram desse ideia nas manifestações que explodiram violentamente no país ao longo de 2013 como um símbolo de resistência contra o governo e as autoridades repressoras.

O filme V de Vingança esteve disponível no Netflix durante a época das manifestações e foi uma das produções mais assistidas da plataforma naquele período.


Cena do filme V de Vingança (2006)


Manifestantes em Fortaleza, 2013

E esse símbolo de insatisfação popular segue sendo adotado em causas atuais: revoltas em Hong Kong e Chile eclodiram em 2019 e a máscara desenhada por David Lloyd segue forte, mas dessa vez com um novo “concorrente”: O filme Coringa de 2019 também entregou um contexto que acabou aderindo bem ao consciente das populações insatisfeitas com o governo, e o povo adotou o visual do palhaço nas ruas. Seguindo um fenômeno muito parecido com o de V de Vingança.


Manifestantes no Chile, 2019


Manifestantes em Hong Kong, 2019

De qualquer forma, a influência de V de Vingança se tornou peça-chave em manifestações populares e é uma baita ilustração de como uma obra pode ultrapassar os seus limites físicos e atingir a política. Como uma ideia.

Amigão da vizinhança, torcedor do Bahia e mestre pokémon nas horas vagas