Duas noites atrás, eu decidi interromper meu consumo de Star plus que estava correndo por quase 1 mês direto devido a minha recente descoberta de que eu não tinha terminado de assistir New Girl completamente (assunto para outro texto, completamente fora do tópico deste); voltando a minha situação de duas noites atrás, me surgiu a esperança de que haveria algo de interessante na Netflix. Mal eu sabia o que iria aparecer na minha tela inicial: simplesmente uma experiência transformadora para a consciência coletiva do que significa trabalhar e sobre a realidade do mundo de trabalho.
O mais novo documentário da Netflix, “Working”, é uma produção de 4 episódios que busca conhecer e aprofundar sobre a realidade do mercado de trabalho no mundo contemporâneo e explorar as grandes transformações que acontecem a cada inovação.
A produção original Netflix é produzida por nada mais, nada menos, do que o maior power couple do século XXI: Zendaya e Tom Holland! Ok, não é verdade; o real power couple produtor deste documentário são os OBAMAS. Não pude deixar de fazer a piada porque tenho certeza de que a grande maioria de vocês leitores não pensou nos Obamas automaticamente e, sim, algum outro casal da cultura pop; nada contra esse pensamento automático, mas acredito que seja compreensível categorizar os Obamas como o real power couple de nosso século (ou talvez Mila Kunis e Ashton Kutcher, mas vou deixar essa discussão para outro post). Continuando…
Working é um documentário que explora todo o universo do trabalho através de perspectivas muito importantes: as sociais. São no total 4 episódios segmentados em uma hierarquia do trabalho: “Prestação de Serviço”, “No meio”, “Emprego dos Sonhos”, “Chefia”.
Além de expor a audiência a diferentes realidades e estimular uma visibilidade para a os trabalhadores que estão inseridos nesta classe e que possibilitam o funcionamento de todos os outros pilares do mercado a partir de um trabalho invisível por todos que dependem do mesmo, o episódio também possibilita uma reflexão do significado de “trabalhar” e o que é considerado para a escolha de uma carreira.
Na realidade em que eu vivo (e, provavelmente, você leitor, também), a escolha de carreira vai muito além do fator de sustento e ultrapassa uma consideração sobre propósito e sentido, a possibilidade de se preocupar com isso é, sem dúvidas, um privilégio inexistente para a grande maioria das pessoas. O curioso é que, apesar de ser uma consideração muitas vezes considerada como “privilegiada” e “não óbvia”, a partir do documentário, conseguimos ver que, até mesmo em situações de necessidade e sobrevivência, é natural a reflexão sobre o trabalho ser algo maior do que simplesmente um “ganha pão”.
A ultrapassagem de classes para a significação do que é ser um trabalhador vem, com certeza, pelo aumento da carga horária atual e uma sociedade cada vez mais “produtiva”; no episódio, Barack Obama menciona que sua sogra e avó, ambas, falavam que trabalhavam apenas para sobreviver; entretanto, ao perguntar para uma mãe solteira da zona rural de Mississippi (estado extremamente pobre dos EUA), a sua preocupação já não era a mesma.
Randi cresceu com excelentes notas ao longo de toda sua carreira escolar e aspirava a se tornar uma advogada através da HARVARD LAW SCHOOL, assim como “Elle Wood”, de legalmente loira; entretanto, no ensino médio, ela foi influenciada a se tornar enfermeira e ficou muito investida da idéia, devido ao seu desejo de ajudar as pessoas.
Infelizmente, ela não teve a oportunidade de estudar para ser enfermeira e, por isso, passou a trabalhar em vários bicos para sobreviver; dentre eles, houve o cargo de desossar coxas de frango em uma indústria. Apesar de um cenário frio e escuro, Randi afirmou que a recompensa financeira era boa: 15 dólares por hora. Mesmo que contente com a recompensa salarial, a jovem mãe decidiu mudar sua realidade e procurar algo gratificante; por isso, ela passa por uma mudança de trabalho e se inscreve para se tornar uma assistente domiciliar de idosos e PCD.
Infelizmente, apesar de ficar feliz com seu novo emprego, Randi conta para suas colegas de trabalho do McDonalds (seu segundo emprego) que não poderia continuar com a função gratificante que encontrou e ao mesmo tempo ser mãe. A demanda dos horários e o retorno financeiro escasso impossibilitaram a moça de participar de uma carreira mais do que apenas financeira e, sim, humanitária.
Esse primeiro episódio me levou a questionar muitas coisas e trouxe um sentimento de pertencimento muito grande. Ao assistir documentários tão pessoais e informativos, não podemos deixar de apreciar como eles têm a capacidade de mostrar uma visão muito mais ampla sobre o que é ser um ser humano em nossa sociedade.
Agora só resta assistir os próximos 3 episódios e ter novas epifanias…