A vida hipermoderna (afinal, a pós-modernidade já era…) exige um ritmo frenético para, bem, viver. É necessário encaixar um número cada vez maior de tarefas em vinte e quatro horas que parecem cada vez mais curtas. Perde-se qualidade de vida em detrimento de produtividade. Mas, principalmente, perde-se tempo. Sim, o tão valioso tempo que é tão curto pode ficar mais curto por pressão da vida atual.

O Slow Movement (movimento “lento” numa tradução literal) é uma tendência que propõe uma grande revisão e revolução dos valores da vida contemporânea. O movimento tem o mote de o ser humano precisar de atenção e calma para realizar com êxito suas tarefas e necessitar de atenção e aprofundamento nas relações sociais. Pode parecer só uma desculpa para procrastinar (ainda mais com um nome desses), mas significa produzir mais e melhor. Não é controlado por nenhuma organização, no sentido real da palavra, mas deu origem a várias vertentes: Slow Food (em prol de alimentos orgânicos, produtores locais, preservação de cultura gastronômica), Cittaslow (a favor de uma vida menos frenética nas cidades, preservação de edifícios históricos e o “mundo homogêneo”), Slowth (redução do limite de velocidade no trânsito, em prol de chegar em menos tempo no destino – como na fábula infantil “A Lebre e a Tartaruga”), dentre outros.

Essa tendência, apesar de existir há relativamente bastante tempo, foi pouco explorada diretamente pela propaganda por enquanto. Porém, o uso recente do Entreteinement Selling Proposition na publicidade necessita de (e acaba criando) uma maior atenção do receptor, ainda mais no caso dos formatos atualmente em voga, como virais, hotsites, advergames e todo o conceito de tryvertising.

Essa tendência pode acabar criando (e espero que assim aconteça) o Slowvertising (criei o termo agora, aceito royalties), talvez um oposto à publicidade 360º que acaba saturando e irritando os consumidores. Deixar o produto ser descoberto, ao invés de educar à força, não ser invasivo na cidade, nos lares, nas mentes das pessoas.

Marcelo Druck, 03/03/2009 às 16h54