Pulse, de 2001, um filme de terror em que não se prende a qualquer amarra do que é o horror, e sim do nosso puro medo do desconhecido. A trama se faz em volta de um Japão em que a tecnologia acabou de chegar às mãos humanas e já mostra sua potencialidade em uma ferramenta que funciona de porta para o hipercubo, o conceito da quarta dimensão, brincando com o conceito do transhu-manismo, havendo aspectos técnicos extremamente melancólicos, em que o barulho de estática como white noise se torna uma neblina espessa sobre nossa realidade, luzes propositalmente precárias e o ar de uma realidade em solidão.

            O filme possui elementos e conjecturas sobre um destino apocalíptico trazido pelo desapego da realidade causado pela tecnologia, onde a necessidade de se manter conectado com outro se tornou uma realidade, havendo esse vício de se manter junto ao próximo em sua existência, não é nada perante a solidão. Nos perguntamos – quem somos quando não existem olhos observando a gente? Uma casca vazia sem sentido, se não está conectado. Quando você olha para si mesmo, o que você vê? – Um vício paradoxal que necessita da existência da outra pessoa, pelo ser material, mas que não é tangível para se tocar.

            Nos mostra a possibilidade da morte da carne, enquanto nossa alma se prende ao tecnológico. Um mundo onde uma racionalidade duvidosa contaminada pelas “fake news” predomina, e a espiritualidade é descartada, o que resta para o ser humano crer? Como conseguir compreender uma existência que não pode ver e nem tocar: onde o medo da solidão se torna ter que lidar consigo mesmo, e ter que se desprender da realidade e adentrar um mundo que nem ele mesmo consegue explicar; Onde sua alma fica presa a um dispositivo que poderia se equiparar ao que chamamos de Paraíso, mas já que esse paraíso se prende ao mundo real, o filme nos faz perguntar o que delimita a nossa alma para que seja finita dentro do nosso mundo.

            Bem, isso são perguntas que dependem do telespectador. Ele apenas aceita que agora esse é a nova realidade, e que independente de você concordar, negar, fugir, se desesperar, ela sempre irá te encontrar. Mesmo tentando se ligar ao passado, os indivíduos à sua volta estarão no presente, se regozijando por estarem sempre juntos. Em algum momento, aqueles que negam isso terão de enfrentar essa tela que se torna o espelho da nossa alma. Fazendo-se perguntar sobre seus valores e crenças que vivia nesse tempo solitário.

            Portanto, esteja otimista para o que futuro nos espera, que mesmo nesse mundo em que o ódio se predomina, e tristeza te consome, ainda existe o prazer e a felicidade de poder viver ao lado daqueles com quem você construiu sua vida. Aqueles tangíveis com que você pode tocar e abraçar, fazer as coisas que você gosta, e aquilo que quer conquistar, até porque, é divertido poder viver.

Lembre-se: todos nós estamos conectados.