NÃO SE PREOCUPE, NÃO HÁ SPOILERS DO NOVO FILME POR AQUI 

(apenas alguns leves do filme de 68 e dos 2 anteriores da nova trilogia).

Semana passada tivemos o “término do retorno” da saga Planeta dos Macacos, reboot que começou 2011 com Planeta dos Macacos: A Origem. O caso da série não é uma raridade dentro de Hollywood, os americanos adoram reviver sucessos antigos, tal é a enxurrada de remakes, reboots, sequels e prequels que temos hoje. Mas poucas acertaram como os macacos, servindo mais como “vacas leiteiras” do que uma homenagem, sequência ou prólogo das obras originais. São os casos de RoboCop e Total Recall por exemplo, reboots completos, que não adicionam nada para o universo antigo e nem trazem uma interpretação diferente dos originais. Enquanto isso, séries como Alien e Star Wars se perderam no meio do próprio universo que criaram, tendo dificuldades em continuar histórias, explicar acontecimentos passados (com as prequels) ou reviver a essência do que tornava os originais tão bons.

capaCaesar gerou confusão com o personagem do 4º filme da antiga saga.

Agora, por outro lado, temos Planeta dos Macacos. Um revival que não reiniciou a história a partir do primeiro, nem continuou de onde ela parou, contando a história de como o Planeta dos macacos surgiu – acontecendo antes do primeiro de 1968.

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A princípio a ideia talvez não fosse vista com bons olhos, após o fracasso de Tim Burton em 2001, com um remake do original. Mas foi justamente nisso que a nova trilogia acertou, sua história não havia sido contada antes (apesar da premissa ser parecida com a de Conquest of the Planet of the Apes). Dessa forma, os roteiristas Rick Jaffa e Amanda Silver tiveram total liberdade para aplicarem sua interpretação da história nos filmes.

Com esse formato, a história nova não é presa por personagens ou elementos de enredo aos antigos filmes, tendo liberdade para mesclar elementos novos com homenagens aos filmes dos anos 70. Algo que Planeta dos Macacos definitivamente fez.

O primeiro filme da trilogia, Rise of the Planet of the Apes manteve os elementos do original de mistério, comparações entre os humanos e os macacos, os experimentos científicos e até mesmo um clímax parecido – quando Caesar fala pela primeira vez. Questões de evolução, motivações do domínio de uma raça sobre a outra são colocadas em pauta também. Assim como Caesar indaga sobre a domesticação de animais por humanos, Taylor também fazia o mesmo discutindo com os macacos no filme de 1968. De certa forma, existem muitas semelhanças entre as situações de Taylor e Caesar, apenas diferindo em como cada um resolve lidar com elas.

No segundo filme, Dawn of the Planet of the Apes já temos uma divisão clara entre a sociedade humana e a símia. Eis então que surgem as dificuldades entre manter duas culturas conflitantes coexistindo (um dos principais temas do original), especialmente quando existe um clima de vingança. O meio da trilogia talvez seja onde mais existe possibilidade de liberdade criativa, dependendo ainda menos em se basear nos originais, já que o primeiro deve introduzir o universo e a ideia enquanto o último deve se conectar com o filme de 68. Sendo assim, o filme mais independente dos 3 da trilogia.

Por fim, o recente War for the Planet of the Apes: o maior desafio dos roteiristas e do diretor Matt Reeves. Sua missão não é apenas a de finalizar a nova trilogia de forma satisfatória, mantendo as marcas dos 2 filmes anteriores, como também servir como ponte para o primeiro de todos. Terminar a saga de Caesar e deixar tudo estabelecido para a saga de Taylor. Algo que, felizmente, foi atingido perfeitamente – podendo tanto satisfazer os fãs de longa data quanto os mais recentes. Não digo muito além disso por causa de Spoilers, mas o último toca em temas antigos também: segregação, traição e convivência.

Planeta dos Macacos é uma das poucas sagas que possui uma boa justificativa para seu revival, em meio a tantos reboots, uma trilogia dessas serve como exemplo para outras. Uma que não ignora sua origem, mas se adapta aos tempos atuais, criando uma história nova e original dentro de um universo já conhecido.

APES

Viciado em games, viciado em futebol, viciado em cinema, viciado em séries e viciado em drogas pesadas: leite, glúten e anime.