Pierre Verger, fotógrafo nascido em paris de família belgo-alemã em 1902. Fatumbi, fotógrafo europeu conversador e viajador do mundo, apaixonado e interessado pela cultura africana, que lhe rendeu seu nome. Por incrível que pareça, esses homens na verdade são um só.

Verger perdeu o pai e todos os seus irmãos ao longo de suas primeiras décadas, enquanto sua paixão por fotografia crescia. Foi aos 30 anos que perdeu sua mãe, último laço familiar que o segurava na França. Verger se lança no mundo, fotografando e viajando.

Fatumbi, antes de ser Fatumbi, viajou entre Brasil e África, mais precisamente pela costa do Benin, seguindo os traços da cultura Iorubá, desenterrando os laços entre a cultura da Bahia e suas origens, advindas do tráfico de escravos.

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Verger viajou de carona e bicicleta, sempre com sua Rolleiflex, por grande parte da Europa Oriental. Sua parceria com o Museu Etnográfico de Trocadero e sua ânsia por novas fronteiras o levaram ainda mais longe e dos mais diversos modos; em uma época em que aviões eram coisa rara, visitou as Antilhas, Estados Unidos, África Ocidental e até a Ásia, cujos retratos de um Japão ainda desconhecido no mundo são particularmente interessantes.

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Fatumbi faz diversas viagens pela África, financiadas por Théodor Monod, do Instituto Francês da África Negra (IFAN), podendo então criar algo com seus mais de 2000 negativos e natural inclinação para a descrição documental. Entra, quase que por acidente, no mundo acadêmico da Etnologia e Antropologia, ciências que seriam sua paixão até o dia de sua morte.

Verger viaja pelo mundo e encontra em Salvador sua paixão: é o clima, as pessoas, a arquitetura, a cultura, os orixás… Sua vida de fotógrafo itinerante vai tendo menos viagens e mais Bahia. Seu interesse pelo Candomblé e pelo Xangô o fazem se voltar para as origens dessas religiões: o fotógrafo volta para a África dessa vez com objetivos bem diferentes.

Em 1953, Pierre Verger já é um grande conhecedor da cultura Iorubá, tendo começado seus estudos na Bahia, mas ainda se considera um tanto distante da mesma. É aí que Pierre Verger vira Fatumbi, “renascido para Ifá”, o fotógrafo recebe novo nome e os Orixás se tornam para sempre parte de sua história.

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Pierre Fatumbi Verger compra uma casinha na Bahia em 1960 e por lá fica até o final de sua vida, sempre escrevendo e documentando sua relação com a cultura africana, bem como o encontro desta com a cultura europeia ocidental.

Ao longo de sua “segunda vida”, o fotógrafo exerceu a função de babalaô, sacerdote iorubá, Morreu em Salvador em 1996, em sua pequena casinha em Engenho Velho de Brotas. A Fundação Pierre Verger se encarregou de levar a cabo as pesquisas e trabalhos do fotógrafo, sendo referência para o estudo da diáspora africana para o Brasil e, talvez, para o mundo.

Minha barba. Minha vida.