Sinapse por Mariana Carvalho
Vira e mexe nos deparamos com cases de marcas que tentaram introduzir um produto no mercado e não obtiveram sucesso, seja por falha na comunicação, falha na pesquisa, na estratégia mercadológica, na má identificação do público-alvo, ou até mesmo com o fornecimento de produtos de baixa qualidade, entre outros aspectos que fazem qualquer empresa entrar em desespero e retirar seu produto do mercado. Na semana passada, saiu uma matéria interessante no site da Uol, ressaltando essa dificuldade encontrada por muitas empresas para atingir seus nichos de mercado.
Se “não se pode agradar a gregos e troianos” como diz o ditado popular, algumas marcas fazem de tudo para ficar longe dessa premissa e investem em ações para atender públicos que muitas vezes são “deixados de lado” devido à dificuldade de comunicação da marca com eles.
Exemplo disso é o mercado islâmico, onde empresas tentam atingí-lo e raramente têm sucesso. Diferentemente das propagandas de shampoo que estamos acostumados, onde modelos com cabelos esvoaçantes aparecem fazendo charme para o público masculino, a marca Sunsilk, da Unilever, apostou nesse mercado e elaborou uma campanha com uma modelo vestindo uma burca, sem cabelos ao vento ou qualquer coisa que faça alusão à vaidade. Esse foi o jeito que a Sunsilk achou para passar a ideia de um shampoo que diminui a oleosidade dos cabelos e do couro-cabeludo, focando nas mulheres que tem uma cultura mais controlada e conservadora. Abaixo, o vídeo da Sunsilk Clean & Fresh.
O crescimento da população islâmica, cerca de 1,57 bilhões, bem como do seu potencial de compra, fez com que as marcas tivessem uma necessidade maior de atender a esse público. Isso mostra como a globalização possui uma força incontrolável no que se diz respeito ao modo como a publicidade e as grandes empresas afetam, de uma forma ou de outra, os consumidores.
Uma ação já não tão feliz foi a da marca esportiva Nike. Em 1996, com o lançamento de um modelo de tênis, a marca ofendeu formente alguns muçulmanos. Na sola do tênis: o logo da marca. Para os muçulmanos: a forma do logo lembrava a letra arábica de Alá. O problema: o pé é visto como algo sujo, logo, o nome de Alá no pé seria uma ofensa. E o desespero foi grande: a Nike retirou mais de 800 mil pares de todo o mundo. Não só como há quase 15 anos atrás, mas também atualmente, muitas empresas erram a mira ao tentar lidar com um consumidor tão específico que tem sua religião e cultura acima de qualquer persuasão publicitária.
Não foram somente as marcas de beleza que começaram a ver o potencial no mercado islâmico. Em 2007, a marca de celulares Nokia lançou celulares no Oriente Médio com inúmeros aplicativos: livros digitais islâmicos, alarmes para as cinco orações diárias, mensagens para felicitar amigos durante o Ramadã e até mesmo downloads do livro religioso Alcorão.
E graças a esses gregos e troianos é que as marcas se esforçam para serem cada vez mais criativas. A publicidade agradece!
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