O que é a vida? Há um tempo vi um vídeo da Jout Jout, em que Marcelo Tas fez essa pergunta. A jornalista respondeu: “viver é se distrair do fato de que você vai morrer” e a partir do momento que ouvi isso, me apropriei da resposta. A frase se incrustou em mim e passei a acreditar nisso. 

A única certeza que temos ao longo da vida é de que morreremos. Fato. E a maioria das pessoas escolhe ignorar isso, preferem viver se distraindo da realidade de que o dia em que não estarão mais aqui chegará. Porém, eu gosto de pensar o contrário. 

Acredito que devemos pensar mais na morte. Tudo bem, não é algo positivo para se pensar o tempo todo, entretanto, é uma motivação. Refletir que a qualquer momento eu posso simplesmente apagar e não acordar mais. E não fazer ideia de quando isso acontecerá, me faz ter mais vontade de viver. Me faz querer viver uma vida que valha a pena. 

Nunca tive uma religião específica, minha família é católica e espírita, quando pequena frequentei missas, fui batizada e estudei em uma escola de freiras, porém nunca me aproximei muito do que poderia ser Deus ou uma fé muito profunda. Já pensei ser ateia mas atualmente acho que sou agnóstica. Não acredito e nem desacredito em nada. Todo esse parágrafo tem um objetivo, ok? Sabe aquelas pessoas que dizem: “o que você não fez nessa vida, você faz na próxima”? Era nelas que eu queria chegar. 

Se existe reencarnação, se de fato temos mais vidas, se há essa possibilidade, quantas das 8 bilhões de pessoas no mundo lembram de suas outras vidas? Quantas se recordam do que fizeram ou deixaram de fazer? Eu quero viver a vida que eu tenho agora, a que estou presente, que sinto, que sou. Não quero deixar para a próxima. 

Um dos meus principais objetivos de vida é ter 80 anos, e um diálogo. Alguém me perguntaria se eu fui feliz, me arrependi de algo e fiz o que gostaria de fazer. Quero responder que sim; se me arrependi, foi de não ter feito algo. E fiz muitas coisas legais. Quero contar histórias, quero ter experiências, quero ser a velhinha tatuada maluca que tem o que contar. 

A sociedade atual é focada nas coisas erradas; as pessoas esquecem de ser feliz. Eu entendo que dinheiro é importante e, obviamente, viver agora é algo caro. Infelizmente, nossa civilização chegou ao ponto de ser dispendioso apenas existir. Porém, infortunadamente, pensando como alguém vinda de classe média e que nunca passou por dificuldades, não quero ser milionária! Não quero comprar criptomoedas! Não quero fazer investimentos na empresa X, nem na  N e muito menos na  Y. 

Eu quero ter dinheiro para viver. Pagar minhas contas, poder comprar o que desejo, mesmo que signifique ter que economizar por um tempo, alimentar meus futuros animais, mas eu não quero ser milionária! Eu quero ser feliz! Eu quero viver sem ser uma daquelas pessoas que entra em uma rotina de escritório, odeia sua vida nos dias úteis, se arrasta até o final de semana para conseguir fazer o que tem vontade para, no fim, não fazer nada e ainda reclamar que passou muito rápido! 

Viver é aproveitar o tempo que temos. Viver é saber que vamos morrer. Viver é entender o mundo e evitar ser infeliz. Viver é se distrair do fato de que vamos morrer. É contraditório.