Começamos nossas vidas vendo filmes da Disney. Passamos por clichês adolescentes e aqueles que nos fazem pensar na vida. Vemos séries que moldam personalidades e opiniões e assistimos o que está na moda. Desde sempre, estamos em contato com mídias que nos influenciam e nos formam como pessoas e talvez esse seja o propósito disso tudo. 

Um dos objetivos do cinema é fazer o público refletir, entrar em contato com sentimentos diferentes e sentir o que as personagens sentem através da tela. Mas afinal, qual o impacto das nossas formas favoritas de entretenimento sobre nós? 

Um dos primeiros filmes que vi na vida, e até hoje um dos meus favoritos, foi “Os 101 Dálmatas“. Me lembra da minha infância, do conforto da casa da minha avó e como é bom ser criança. Também me fez desenvolver uma obsessão por dálmatas. Além de objetivos de vida sérios e profissionais, eu sei que em algum momento da minha vida eu terei um dálmata. E só serei verdadeiramente feliz quando esse dia chegar. 

A verdade é que somos muito persuadidos por tudo que está à nossa volta. Na vida do século 21 somos constantemente bombardeados com estímulos: podemos ver uma série completa em pouquíssimo tempo com os serviços de streaming e entrar em uma bolha com aquelas personagens e enredo. Imediatamente após acabar um filme ir atrás de seu significado, construção do roteiro e mensagens deixadas. 

Tenho diversos filmes que me fizeram mudar a visão que eu tinha do mundo e da vida em geral. “Dead poets society” me mostrou como os problemas do início da vida adulta são reais e como tudo que está dentro da nossa cabeça nos afeta, física e emocionalmente. “Laranja mecânica” me ensinou sobre psicologia comportamental e como nossas experiências nos formam como seres humanos. “Ilha do medo” e “Clube da Luta” me mostraram o que é plot twist e como as coisas podem mudar de um segundo para outro. 

Todo conteúdo que consumimos afeta nossas atitudes e valores. A música que ouvimos quando acordamos define o humor do dia e um documentário sobre política muda nosso posicionamento. Anthony Gierzynski é um pesquisador que explica esse fenômeno em seu livro “Os efeitos políticos da mídia de entretenimento: como os mundos imaginários afetam as perspectivas políticas do mundo real”. O autor cita “Game of Thrones” para exemplificar como as pessoas pararam de acreditar que o mundo é justo, por conta de todas as traições e injustiças que acontecem na série. 

Alguns dos exemplos recentes em que ocorreram mudanças de comportamento no público foram: o lançamento de “Gambito da Rainha”, causando um aumento de mais de 120% nas buscas sobre xadrez; a série “Euphoria”, tendo como consequência a transformação da moda, acarretando em inspirações nas personagens como Maddy e Jules constantemente sendo vistas nas redes sociais; e claro, “Barbie”, que teve um impacto nunca visto antes na moda, nas mídias, na propaganda e na cultura pop. 

Dessa forma, podemos concluir que somos completamente influenciados por tudo que consumimos. Somos moldados por nosso entretenimento e esculpidos pela mídia.