Não é nenhuma novidade que política influencia a arte, como temos visto nos últimos meses, em que artistas vêm demonstrando sua indignação das mais diversas formas, como uma forma de demonstrar sua maneira de ver o mundo. Mas também não dá para ignorar que o caminho contrário também é verdade: a arte influencia a política. Pelo menos, é isso que esperam os ativistas do coletivo de arte Indecline.
Em 2008, pôsteres de Barack Obama com a palavra “hope”estampada em letras garrafais deram um novo vislumbre aos cidadãos americanos, que realmente se sentiram esperançosos e fizeram do candidato presidente. Em 2016, a história é outra. Com comentários extremamente racistas, xenofóbicos, machistas e, no mínimo, controversos, a alternativa encontrada não foi a de exaltar as qualidades da candidata concorrente, Hillary Clinton, do partido dos Democratas, mas de ridicularizar ainda mais Donald Trump.
Em algumas cidades dos Estados Unidos apareceram, um dia, estátuas do candidato nu, com um micropênis, estrias e veias marcadas. Elas foram obra do coletivo Indecline (que se caracterizam como “comprometidos grafiteiros, cineastas e fotógrafos e rebeldes em tempo integral” e acreditam estar lutando por uma boa causa, pois usam a arte e a mídia para expor injustiças ao redor do mundo) em parceria com Joshua “Ginger” Monroe, um artista de máscaras de terror, uma vez que o coletivo acreditava que precisava de um especialista em fazer “monstros”.
https://www.youtube.com/watch?v=ICKmjyX0IZI
A estátua nua de Donald Trump expõe o candidato republicano como um pequeno homem com grandes problemas. É também uma alusão ao conto “A roupa nova do Imperador”, de Hans Christian Andersen, que conta a história de um imperador, que contrata um alfaiate depois de o mesmo tê-lo dito que conseguiria fazer as mais belas vestes para ele, mas que só os mais sábios conseguiriam ver e, consequentemente, o rei vai totalmente sem roupas para sua procissão.
Acompanhando esse movimento, o ilustrador Yanko Tsvetkov,que é conhecido por seus mapas satíricos, que rotulam estados e países de acordo com estereótipos, elaborou também um mapa-múndi segundo Donald Trump.
Em algumas cidades, as estátuas logo foram removidas dos locais onde foram expostas e, em outras, viraram ponto turístico para os entusiastas anti-Trump. O impacto que essas (e outras) obras terão nas próximas eleições ainda é incerto, mas é, com certeza, muito criativo.
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