A diversidade é o principal composto da humanidade; o mundo inteiro é repleto de pessoas ímpares, com sonhos, gostos e desgostos brilhantemente singulares. Mas se existe algo que nos conecta e nos aproxima, é o desejo de buscar saber quem somos e descobrir o que cada uma dessas singularidades significa. Só para no fim, perceber que a jornada que construímos no caminho é a verdadeira resposta.

A artista americana Nikki Rosato conseguiu materializar essa jornada ao esculpir bustos de malha e retratos delicados que denotam  as conexões entre identidade e todos os lugares pelos quais já passamos. 

Rosato esculpe as rodovias multicoloridas e estradas secundárias a partir de mapas comuns, deixando as distâncias e marcações espaciais intactas. Ela então molda o papel cortado em esculturas figurativas e obras de arte 2D que variam em densidade e cor dependendo da cidade ou região original. E, utilizando de marcações precisas da cartografia e recortes inteligentes, Nikki consegue destacar o complexo funcionamento interno da memória e do pertencimento.

“À medida que avançamos pela vida, os lugares que habitamos e as pessoas que encontramos nos transformam e nos moldam na pessoa que somos hoje. Estou interessada na ideia de que um lugar que visitei quando criança afetou o resultado de quem sou hoje”, conta a artista.

Ela ainda relata que começou a brincar com essas esculturas depois de encontrar uma caixa de mapas antigos em uma livraria de livros usados ​​em uma conferência de gravura na Virginia Commonwealth University. Ela comprou alguns e os levou para casa para experimentar, notando como havia um paralelo entre as linhas da estrada e as linhas que cobrem o corpo humano.

“Eu estava pensando no que significa ter um corpo físico e como é quando alguém é tratado como se fosse apenas um corpo – simplesmente considerando-o como um invólucro estrutural. Eu estava dividindo o corpo humano em linhas, pensando em impressões digitais, pegadas, rugas, vincos na pele e como isso se relaciona com questões de identidade. A superfície do corpo está literalmente coberta de linhas, e essas linhas físicas contêm histórias sobre nossas vidas. ” diz Rosato.

Para sua primeira série de mapas – “Se você fosse um lugar, estaria …” – ela tirou fotos de amigos, perguntou- lhes o que era importante para eles e qual lugar os representava melhor. Usando então um mapa daquele lugar para esculpir seu retrato. 

Rosato acrescenta: “Ao fazer retratos dessa forma, o mapa torna-se tátil, uma delicada estrutura semelhante a pele, servindo como um sistema visual que imita a estrutura venosa do corpo humano. Nosso corpo tem memória, nossa pele guarda muitas lembranças do tempo, além de ser um sistema que molda a identidade. O mapa, em minhas obras, é uma lembrança da jornada que nos trouxe até aqui”

Algumas das obras extraordinárias de Nikki Rosato estão disponíveis na Galeria Jonathan Ferrara.

Construindo minha odisseia com palavras que encontro por aí