O cinema brasileiro está saindo da zona de conforto, e a prova disso tem nome: O Doutrinador.
Estreiou hoje o primeiro filme de ação que contará com um anti-herói genuinamente brasileiro, não, não estamos falando do Wagner Moura, mas sim do personagem das HQs que bombaram nas redes sociais durante as manifestações contra o aumento das tarifas de transporte público em junho de 2013.
O Doutrinador chega aos cinemas como o melhor soldado produzido nesse “país sem guerras” que escolheu combater a roubalheira da elite política de uma forma radical: aniquilando os mau políticos, caçando corruptos, governantes, criminosos de colarinho branco e o que mais for preciso para tirar o país dessa desigualdade inaceitável.
Dá uma olhada no trailer:
Tudo começou em 2008 quando o designer gráfico carioca Luciano Cunha resolveu criar o personagem para colocar para fora essa certa indignação e revolta com a situação política do país. Após a resistência de muitas editoras ele resolveu adotar o “faça você mesmo” e em 2013 lançou semanalmente no Facebook a primeira aventura da HQ.
Os brasileiros se identificaram com esse senso de justiça e fizeram da história um sucesso que chegou a ser publicada em edição impressa de forma independente pelo autor, esgotou em 2014.
Tudo indica que a versão para o cinema será bem fiel as HQs, afinal o próprio autor foi quem negociou os direitos autorais com as produtoras DownTown Filmes e Paris Filmes para essa adaptação em longa metragem.
Já o lançamento do filme sofreu, sim, alteração. “Na verdade, houve uma preocupação de tirar da época do pleito eleitoral. Antes, a previsão é que a gente estreasse em setembro, mas a gente levou para novembro, exatamente para sair da data de campanha política, evitando qualquer tipo de associação ou repercussão”, diz a produtora-executiva Renata Rezende.
Com grandes semelhanças com clássicos como Batman, Justiceiro e o V de Vingança. Os atores, o diretor e o autor da HQ reconhecem que a história representa “o espírito do nosso tempo”, num país em que “o maior vilão é a corrupção”. Mas todos garantem: “É entretenimento, ficção”. Não querem ver o filme associado a esta ou àquela corrente político-ideológica.
Embora a cidade onde se passa a história seja a fictícia Santa Cruz, a Gotham City brasileira, dizem que é possível reconhecer cenários de São Paulo, por exemplo. Mas o produtor e corroteirista Gabriel Wainer avisa que teve “uma preocupação recorrente, desde o princípio, em descolar da realidade, para ter um ambiente de fantasia muito maior”.
Afinal nem precisa falar que a ideia de sair por aí fazendo justiça com as próprias mãos não é nem um pouco certo, certo? Então certo.
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