Nostalgia como a grande protagonista em Meia Noite em Paris.

Meia noite em Paris é um filme do ano de 2011, do polêmico diretor Woody Allen. O longa recebeu o Oscar de “Melhor Roteiro Original” e também foi premiado com o Globo de Ouro na categoria “Melhor Roteiro”. A obra ainda contém um elenco de peso como: Owen Wilson (Gil), Rachel Adams (Inez), Marion Cotillard (Adriana), Tom Hiddleston (Scot Fitzgerald), Kathy Bates (Gertrude Stein), Adrien Brody (Salvador Dalí), e muito mais.

A mensagem desse filme vai muito além das belezas de seus cenários, da maravilhosa Paris e dos hilariantes personagens. A sua real importância está em trazer o real significado de nostalgia e como esse sentimento pode fazer com que pessoas acabem tomando decisões erradas em busca de uma ilusão.

O filme retrata um bem sucedido roteirista de Hollywood que está viajando com sua noiva e seus sogros para Paris. Gil (o roteirista) na verdade deseja uma vida mais simples e busca poder sempre admirar as pequenas coisas; ainda tem o desejo de abandonar sua carreira em busca de uma nova aventura: escrever um romance sobre um homem que trabalha em uma loja de antiguidades. Já sua noiva Inez que tem traços muito fortes de narcisismo e consumismo, pensa apenas em questões materiais e se deslumbra com questões fúteis.

Em uma certa noite de bebedeira, Gil decide dar uma volta a pé pela cidade e acaba se perdendo; alcoolizado, ele não entende muito bem onde está e acaba aceitando a carona de desconhecidos que dizem estarem indo para uma festa. Chegando ao local, ele se encontra perdido ao ver pessoas com roupas de décadas passadas e um músico que toca tão belamente Cole Porter; ele então é apresentado aos anfitriões e acaba ficando mais perdido ainda, descobrindo que são, nada mais e nada menos, que Scott Fitzgerald e sua esposa Zelda. Não crendo no que está acontecendo, ele embarca com entusiasmo e uma pitada de insanidade noite afora; ainda na mesma noite tem a oportunidade de conhecer um de seus maiores ídolos, Hemingway, e toma um bom whisky com ele. Assim, Gill consegue fascinar os escritores e rapidamente se tornam amigos, marcando de se encontrarem novamente.

Chegando ao Hotel em que está hospedado, Gil conta tudo a Inez que acaba achando que seu noivo está paranóico. Ao longo do novo dia que se inicia, o jovem escritor fica sonhando com a noite anterior e segue no mundo das nuvens por poder ter conhecido seus maiores ídolos e tido a oportunidade de conhecer a época que jura ser a Era de Ouro.

Durante a noite, Gill e Inez saem para jantar e o escritor fica ansioso para mostrar para sua noiva sua nova descoberta; assim, eles saem rapidamente do jantar e ficam horas esperando algo acontecer no local no qual foi apanhado por desconhecidos na primeira noite, mas nada ocorre e Inez, frustrada, vai embora. De repente, o ponteiro do relógio marca 00.00 (meia-noite) e a magia começa a ocorrer novamente.

Nessa sua nova noite de bebedeira com autores e artistas do passado, Gil começa a ficar ainda mais impressionado com a época em que está e suas maravilhas. Em um bar, ele encontra novamente Hemingway que o leva para Gertrude Stein, a mais renomada crítica e editora da época; assim o jovem escritor pode ter seu romance analisado por uma das maiores críticas de todos os tempos.

No tempo que Gil passa na Casa de Gertrude Stein, ele se apaixona à primeira vista por Adriana, uma jovem francesa que é amante de Picasso. E assim, no desenrolar dos dias, ele começa a ficar em dúvida sobre seus sentimentos que possui entre duas mulheres, uma do passado e uma do presente.

Gil acaba entregando seu amor por Adriana que acaba sendo retribuído, mas os dois acabam achando outra fenda do tempo e descobrem um local na mesma Paris mas muitos anos atrás. A jovem francesa, então, tenta convencer que estão na verdadeira Era de Ouro, mas o escritor então percebe que dependendo do cenário de mundo e de tempo em que a pessoa está, ela sempre terá um maior admiração pelo passado. Mesmo ele estando confuso, não aceita o convite da amada para permanecer naquela época e volta para o presente para resolver questões pendentes.

Gil, confuso com suas prioridades de vida, acaba descobrindo por meio de Gertrude Stein e Hemingway que sua noiva tem um caso. Então fica em choque e percebe que estava vivendo uma negação e que duas pessoas já mortas tiveram que abrir seus olhos. Assim, mesmo estando desconsolado, ele termina tudo com Inez e decide mudar-se definitivamente para Paris e entregar-se por inteiro ao seu sonho de escrever um romance e morar na cidade mais bonita do mundo.

Ainda, o protagonista entra em uma reflexão profunda sobre como a nostalgia está presente em sua vida, de forma que o seu romance trata sobre o tema de seu amor pelo passado. Adriana teve um papel fundamental em esclarecer que para cada pessoa de uma era, a época passada em relação à sua sempre será vista como a mais charmosa e mais bela, mas, na verdade, o presente é uma dádiva que deve ser aproveitada.

Por fim, em uma cena final belíssima ao som de Cole Porter, Gil encontra uma conhecida que também é apaixonada por caminhar por Paris na chuva e permanece no presente, mesmo sabendo que o sentimento de nostalgia sempre irá estar presente em nossas vidas.