Drake é um cara que constantemente vive na mídia e se tornou a principal estrela do hip-hop nos últimos anos, entretanto, de 2017 para cá é justo dizer que a qualidade geral de suas produções caiu de maneira drástica. Com exceção de uma ou outra música, seus novos álbuns não tem qualquer valor para uma segunda ou terceira ouvida, quem dirá para ser uma experiência agradável capaz de envelhecer bem.
Seu último disco, “For All The Dogs”, é impressionantemente genérico, sem criatividade e, principalmente, sem personalidade. A única maneira de relacionar esse disco ao criador de “Take Care”, “Nothing Was The Same”, “Views” e “More Life” é através da sua voz característica, e resume bem sua fase pós-pandêmica, onde lançou 4 discos em 3 anos, em que a única consistência é justamente a falta de alma nas obras.
No meio desse volume gigantesco de músicas, criadas indiscutivelmente por alguém que tem talento de sobra, é normal que algumas se distingam, como é o caso de “Circo Loco”, “Knife Talk” e “Fair Trade”, que majoritariamente, através dos feats, acabam por proporcionar algo “diferente” do que a mesmice ininterrupta de seus albums. Entretanto, dentre os curtos destaques para o público da nova fase de sua carreira, pouco se fala sobre “Honestly Nevermind”.
O álbum, foi o mais criticado de seus últimos lançamentos e com certa razão, afinal, o artista decidiu fugir do gênero em que construiu sua carreira, para se aventurar em algo tão genérico e vago que era incapaz de conectar com qualquer pessoa, ainda mais com a sua base de fãs que se acostumou a ouvir músicas capazes de fazer qualquer um cantar, seja pelo beat ou pela própria letra.
Desde o início, o álbum é uma experiência totalmente diferente, tanto pela mescla entre techno e pop, quanto pela pegada mais “relaxada” de Drake, que acaba por se passar como outra pessoa em sua própria música. É normal que nesta aventura pelo gênero eletrônico, Drake sentisse uma grande dificuldade no começo, e isso é presenciado ao longo das 7 primeiras músicas do álbum, que de maneira geral deixam uma péssima impressão sobre a obra final.
Ainda assim, de maneira inexplicável, a segunda metade do projeto poderia ser um dos melhores discos da década até hoje, e é deixado de lado pela maioria das pessoas. Repentinamente existe uma sensação de ser transportado para um clube no meio da Grécia, onde nada mais importa a não ser o momento e o amor, indo na contramão de toda a construção de seus últimos projetos, algo que não víamos desde “Views”
A sequência de “Massive”, “Flight’s Booked”, “Down Hill”, “Tie That Binds”, “Liability” e “Jimmy Cooks” é uma das melhores experiências dos últimos anos, tanto pela sensação transmitida, quanto pela música em si. Mostrando que não mesmo em um gênero totalmente diferente, Drake ainda é capaz de criar uma experiência digna de seus melhores momentos, com identidade, emoção e alma.