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A única coisa que pessoas enterradas há meio século no brasil achariam absolutamente normal se revivessem hoje seriam as escolas

Essa frase proferida por Silvio Meira em uma de suas palestras sobre tecnologia da informação reflete o quanto as nossas escolas ainda estão atrasadas em relação ao mundo e aos meios digitais em matéria de educação e modus operandi das dinâmicas escolares.

navePensando nisso, o Governo do Estado do Rio de Janeiro – através de sua Secretaria de Estado de Educação e de Cultura – em parceria com a Oi Futuro (núcleo de responsabilidade social da empresa Oi) iniciaram o projeto NAVE (Núcleo Avançado em Educação) que nada mais é do que o conceito de escola do Futuro.

O NAVE é o Colégio Estadual José Leite Lopes. Na parte da manhã o colégio segue a grade curricular normal do MEC como qualquer outro colégio. Mas à tarde os 600 alunos poderão se deliciar com os ensinamentos do mundo digital. Nessa grade, há matérias variadas como Programação de games, Roteiros para Mídias Digitais, Geração Multimídia, TV Digital, etc. Este seguimento do NAVE é chamado de Fábrica de Cultura Digital.

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Há também um projeto do NAVE chamado Usina de Expressão, um espaço de desconstrução (conceito proveniente das desconferências, que baseia-se na criação de conteúdo através de palestras e debates feitos por qualquer pessoa) onde há a integração com o mundo fora da escola.

Um desses eventos de desconstrução é o chamado Descolagem:

– Descolagem pode ser uma palestra, mas também uma mesa redonda , um filme, uma performance, um curso, workshop ou o meio de difusão de informação e conhecimento que mais se adequar ao momento, à proposta, ao assunto, ao século em que vivemos.

Na Descolagem, qualquer um pode ter a palavra. Os temas são anunciados com antecedência no site do NAVE, de modo que o participante que se considera expert no assunto proposto pode se candidatar a apresentar seu trabalho, seja presencialmente, ou em outros formatos adequados. Assim, a palavra é democrática, não se limitando apenas aos nomes conhecidos

Danilo Medeiros e Daniel Morena falam sobre os avanços mais significativos no desenvolvimento de interfaces

Danilo Medeiros e Daniel Morena falam sobre os avanços mais significativos no desenvolvimento de interfaces

Os meios são a mensagem: uma vez que os temas são ligados à tecnologia e ao pensamento inovador, as apresentações poderão ser feitas em vídeos gravados, videoconferência, demosntrações de softwares, acesso imediato a sites e até mesmo performances. Os participantes são encorajados a inovar em suas apresentações.

As perguntas podem ser feitas e as opiniões podem ser dadas tanto presencialmente como a distância, uma vez que é possível acompanhar o evento ao vivo via streaming pela internet com a possibilidade do uso de ferramentas como blog, Twitter, SMS e e-mail para a realização das perguntas aos palestrantes. Isso faz com que a comunicação seja a principal tônica dos encontros.

O coletivo OESTUDIO misturou em sua apresentação esquetes teatrais, música e vídeos

O coletivo OESTUDIO misturou em sua apresentação esquetes teatrais, música e vídeos

Todas as palestras podem ser vistas ao vivo via streaming, e posteriormente são disponibilizadas em vídeos para o livre acesso de qualquer um. Essa disponibilidade segue muito bem uma filosofia que diversos cientistas estão começando a seguir: o Science Commons, que se baseia na livre veiculação de qualquer informação referente a pesquisas feitas por doutores do mundo inteiro. A intenção é fazer com que o resultado dessas pesquisas seja disseminado para assim haver a possibilidade de qualquer poessoa continuá-la, apronfundá-la e fazer novas descobertas. Abaixo o vídeo de veiculação do Science Commons:

A meta do NAVE é preparar jovens que, no futuro, possam ter facilidade para exercer profissões modernas como, por exemplo, roteiristas, programadores, designers e gestores para atuar em TV digital, internet, celular e jogos eletrônicos.

Há no país somente dois NAVEs, um no Rio (inaugurado 27 de maio de 2008 às 9h30), e um em Recife, que é a escola Cícero Dias

Esse talvez seja o projeto mais ambicioso dos últimos 50 anos no país. A idéia trazer o ensino brasileiro para o Século XXI parece óbvia, mas ninguém até agora esteve disposto a arcar com os gastos de tal feito. A união da iniciativa pública conjuntamente com a privada resultou em um projeto que promete formar muitos daqueles que o mercado chama de profissionais 2.0, e que são tão procurados quanto bonecas Barbie em pleno 24 de dezembro.

Segundo a matéria “Profissional 2.0: Procura-se!” publicada na revista Meio Digital Out/Nov,  esses profissionais estão escassos no mercado, e empresas e agências de comunicação abocanham os disponíveis exatamente como pais desesperados fariam para conseguir a última boneca da prateleira.

A convergência digital é uma constante que não pára de crescer e as possibilidades de mix entre elas garantem verdadeiros saltos em matéria de comunicação, e se depender do sucesso de projetos futuristas e ambiciosos como o NAVE, mais empresas irão encarar mais projetos sociais que só irão beneficiar o país em todos os sentidos a longo prazo.

Fiquem agora com duas palestras interessantísssimas, uma de Luli Radfahrer com o título “Para que serve uma monocotiledônea? (nerds, mídias sociais e a escola do séc 21) “, e outra de uma vídeo conferência cujo entrevistado era Silvio Meira, na qual quem acompanhava via streaming podia fazer as perguntas via Twiitter, e quem estava presente fazia ao vivo. Os vídeos ocorrem em uma das edições do Descolagem. O vídeos têm 1 hora, e 2Omins, mas valem cada minuto: Enjoy!

Ah! E o site do Projeto NAVE é esse.

Luiz Paulo Andrade, 16 de dezembro às 16:03