Não é novidade que a sociedade detesta as mulheres. Então, é óbvio que não seria diferente com os nossos gostos. Basicamente, a lógica é essa: se algo ou alguém é majoritariamente apreciado por mulheres, automaticamente é considerado ruim e básico. E, admito, por muitos anos eu mesma pensei exatamente da mesma maneira. Na minha adolescência, apesar de amar muitas dessas coisas consideradas sem graça, eu sempre sentia certa vergonha de falar dos meus gostos e, às vezes, fingia ter outras preferências musicais, além de esconder que eu era a maior fã de Crepúsculo que você conheceria.

Por que? Ah, as reações eram sempre as mesmas. “A maior baboseira de todos os tempos”. “Você e todas as outras garotas do mundo, né?”. “Sério? Não dava pra ser menos previsível?”. Não que seja o fim do mundo, mas me fazia querer fingir que minha banda favorita era AC/DC. Isso porque não vou nem entrar na conversa de precisar tirar uma carteirinha de fã do bolso e responder a mil e uma perguntas sobre um assunto quando você é mulher e gosta de algo que por muito tempo foi apreciado principalmente pelo público masculino.

Não posso gostar de One Direction porque todas as meninas também gostam, então sou básica. Se eu mencionar que amo filmes de super-herói, preciso saber o tipo sanguíneo do Peter Parker, porque caso eu não saiba, eu estou fingindo apenas para ganhar a atenção masculina. O que diabos devo fazer? É um problema bem bobo, na verdade, se pararmos pra pensar. Nada muito grande, devo admitir. Mas, foi algo que me assombrou por uns bons anos durante minha adolescência.

E como o TikTok me prova todos os dias, nenhuma experiência é individual. Recentemente, me deparei com muitos vídeos de meninas e mulheres falando exatamente a mesma coisa. A reviravolta? 2023 está nos obrigando a fazer as pazes com a feminilidade. Nossas aliadas? Taylor Swift e o filme da Barbie.

Vou erguer minha mão e admitir minha culpa: apesar de ter amado as músicas da Taylor por muitos anos, em algum momento da minha vida, me convenceram de que gostar dela me tornava extremamente básica. Aliás, a loirinha só escreve sobre os relacionamentos dela. Cruz credo, né?

Mas, acho que a combinação da obra de Greta Gerwig com a The Eras Tour no mesmo ano, foi um presente pra gente. Mesmo se uma garota não gosta de nenhuma dessas coisas, é impossível não ficar minimamente feliz vendo algo que traz a mesma sensação de estar em um banheiro de bar, cheio de mulheres, que apontam para o seu vestido cor-de-rosa e dizem “Eu amei! Onde você comprou?”.

Então, mesmo que eu ame falar sobre a raiva feminina, é ótimo dar uma pausa e falar sobre o oposto. Barbie foi um ótimo filme, mas, na verdade, o que tornou a experiência especial pra mim, foi assisti-lo rodeada por um grupo de estranhas que realmente não pareciam estranhas, porque todas estávamos lá pelo mesmo motivo: celebrar a feminilidade. Então, vamos brindar esses momentos – os que você encontra em banheiros de festa, em shows da Taylor Swift e em uma sala escura de cinema.

Esperançosamente, à medida que todos nós celebrarmos mais histórias femininas na mídia, incluiremos representações mais diversas. Porém, pequenos passos ainda são passos. E eu já pendurei ,com orgulho, o meu pôster da One Direction na parede – apesar de que ele nunca saiu de lá.

quando eu não to escrevendo, to assistindo friends