Amor. Acredito que essa seja uma das palavras mais abstratas e ao mesmo tempo mais motivadoras do mundo. Com uma abrangência de interpretação incomum, o amor é aquilo que nos dá vida, que faz levantar todos os dias em busca de mais, de melhorias, de trazer orgulho para quem tanto nos traz apreço. Seja por um homem, uma mulher, família, amor, cachorro, carreira, por si próprio ou por mais platônico que seja, o amor é o combustível mais eficaz e bonito para o crescimento interno e externo de um ser humano, não importa se inúmeras quedas sejam necessárias para tal.

Porém, como algo tão precioso que sempre buscamos a concretude em meio a sua vasta abstração, pode estar se dissolvendo cada vez mais por nossas mãos?

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Que a tecnologia nos trouxe inúmeros benefícios, isso não há dúvidas. Porém, quando o assunto é amor, ela ao invés de aproximar, está cada vez mais afastando as pessoas. Inúmeros aplicativos de relacionamentos já existem com o intuito de criar algo mais sólido, porém, está gerando relações cada vez mais líquidas e frágeis. Onde está o frio na barriga da troca de olhares, o medo do primeiro contato, as serenatas, as cartas, declarações de amor, os jantares sem pretensões sexuais, o suor frio e a importância do primeiro beijo? Isso está se tornando uma coisa única e exclusivamente dos contos de fadas.

Vislumbrando essa fragilidade crescente do relacionamento digital em que o lado real está perdendo poder perante ao vasto mundo digital de relacionamentos que os diretores Ben Brand e Caviar Amsterdam criaram o curta-metragem “97%”, que conta a história de um homem que encontra no metro o seu “Match” ideal no aplicativo de relacionamentos.

Poster_97-small

O curta vencedor de inúmeros prêmios, conquistou de forma simples, a reflexão perante a um mundo em que histórias, memórias e experiências reais, estão dando lugar para a abstração do digital.

É evidente que o amor tem um poder capaz de se moldar conforme o desenvolvimento de todo e qualquer meio, por mais impessoal que ele seja. O movimento que existe em prol da abdicação da vida 100% digital, não é uma forma hipócrita de tentar sanar seus próprios erros e sim, da tentativa de resgate de uma essência que fazia parte da formação de laços muito mais concretos que os de hoje.

Recorrente de inúmeras campanhas, a abdicação do mundo digital em prol de bons momentos reais também foi tema da última campanha da KFC Russa, assinada pela agência Miguelivanov.

Um velho em corpo de menino que usa as palavras como escada dos seus sonhos.