Você já terminou algo, seja a escola, um semestre da faculdade, um projeto importante, uma noite especial ou até mesmo um relacionamento e não conseguiu encontrar o próximo objetivo? Ou ainda pior: não quis encontrar? 

Talvez esse sentimento seja típico da adolescência, uma eterna incerteza sobre qual o próximo passo a se tomar para finalmente crescer e chegar à mesa dos adultos, que nada mais são do que eternos adolescentes, mas com mais responsabilidades e um pouco mais acostumados com a vida, mas não muito, e apenas fingem estarem acostumados ao rock.

Há poucas coisas mais atordoantes e confusas do que experienciar esse vazio, até porque, quase todos os nossos ensinamentos e esforços são feitos visando sempre o futuro, como uma espécie de “eterna preparação” em que sempre teremos um próximo obstáculo. Mas e se decidirmos não ter esse próximo objetivo? E focar apenas no aqui e agora, que passa tão rápido quanto uma estrela cadente, ainda mais quando os momentos são tão bons e tão intensos, tornando-se mais satisfatórios que o próprio fim.

Eu não sei quanto a você meu caro leitor, mas eu tenho a sensação que muitas vezes não estamos vivendo, mas, apenas continuando a nos preparar para algo que nem sabemos o que é. Contando números imaginários e repetindo atividades que, sem companhia, poderiam levar qualquer um à loucura, tudo isso à custa da definição da palavra “viver”.

O que realmente importa e dá um significado a essa jornada está escondido no meio de todas essas repetições e longe dos números imaginários. Aquilo que falo são as experiências, os momentos únicos que acontecem de maneira desorganizada e espontânea, como uma ideia sem pretensão que acontece entre um grupo de amigos e, devido ao acaso do destino, acaba por acontecer e proporcionar momentos que vão ficar guardados no fundo do coração por toda uma vida.

Momentos que me fazem continuar querendo levantar e ir ao mesmo lugar todos os dias, aturar as mesmas pessoas e as mesmas ideias chatas, repetir os mesmos processos, só para poder encontrá-los escondidos, muitas vezes em uma sala escura e gelada e que mesmo assim me faz sentir mais confortável do que na minha cama quente. Esse lugar, que é minha própria Shangri-la, onde ri até perder o ar, chorei, amei e me apaixonei. E aqui, sinta-se livre para substituir a minha “caverna” por qualquer lugar ou companhia de sua escolha, porque o físico não faz a menor diferença quando falamos de sentimento. Não é mesmo?

A cada dia, esses momentos estão mais perto do fim, e a iminência de mais responsabilidades bate na porta cada vez mais forte; de repente a conta de luz aparece no seu nome e até o corpo começa a cobrar um preço por só comer coisas gostosas. 

Talvez o custo do constante processo de crescimento seja realizar que essas boas e breves experiências são efêmeras, que a vida vai se tornando cada vez mais complexa e o tempo cada vez mais escasso; elas deixem de acontecer com a mesma frequência, mas, sinceramente, eu não poderia ligar menos para isso. Vou deixar esse texto incompleto e tomar uma cerveja, afinal, não vai ser isto o responsável por mudar algo.

(E eu fui mesmo…)