Tudo começou com uma canção… e um rato. Especificamente, Remy, o roedor parisiense de Ratatouille, o filme da Pixar de 2007 sobre um rato que adora cozinhar. Ratatouille, embora aclamado pela crítica em seu lançamento, não fez tanto sucesso quanto Frozen ou O Rei Leão – ainda nos últimos meses, esse filme teve seu renascimento na seção musical do TikTok, onde a Geração Z está construindo uma adaptação musical do zero.
Agora, TikTokers de todo o mundo, em meio a uma pandemia, se uniram para contribuir com tudo que podiam para a produção de um musical de Ratatouille. Qualquer ajuda era bem vinda; se você sabia escrever, cantar, dançar, desenhar e até fazer maquetes, estava dentro. A produção em si varia desde músicas tema até cenografia e figurinos para os personagens.
Essa febre criativa se deu início quando Em Jaccs postou no TikTok uma “balada de amor” acappella para Remy, o rato. O que ela não esperava era a repercussão que sua homenagem randômica de 15 segundos teria, desencadeando um movimento internacional no aplicativo e inspirando os amantes do teatro por todo o globo a colaborar.
“Na minha infância, fui arrastado para a igreja todas as semanas e memorizei todas essas músicas diferentes da igreja católica. Gosto de inventar canções aleatórias e achei que seria muito engraçado usar palavras como “louvar”, como se Remy fosse como um deus. Era para fazer minha irmã e alguns amigos rirem.” Conta Jaccs.
Milhões de visualizações depois, e após uma série de “duetos” criativos, a música de Jaccs abriu o caminho para uma produção completa da Broadway baseada na aventura culinária do rato fictício.
“Tudo começou como uma piada. E então as pessoas meio que começaram a dizer: “Ei, veja isso. Esta pode ser a música, estes podem ser os números de dança, estes podem ser fantasias. ” As pessoas começaram a se interessar por este teatro musical em formato de TikTok, do qual todos cuidam coletivamente.” diz Blake Rousey, compositor de “Ratatouille Tango”
Os figurinistas, cenógrafos e coreógrafos também começaram a se envolver.
“Foi criada uma abertura, com todos esses instrumentos musicais. Um cara fez um Playbill. Coisas assim meio que explodiram minha mente.” Completou Jaccs.
Os criadores ainda denotam como a pandemia foi um fator importante para estimular o movimento Ratatouille: O Musical. “As pessoas anseiam por teatro agora, porque não há. Acho que muitos de nós optamos por esta plataforma também por esse motivo.” relata o compositor de “Remy the Ratatouille (orchestral version)”, Daniel Mertzlufft.
O impacto da criação do musical foi tanto, que até mesmo Patton Oswalt, a voz do próprio Remy, se comoveu.
“O que estou tirando disso é não subestimar a forma como o teatro está evoluindo e prestar atenção às plataformas que estão sendo usadas como uma forma genuína de criar arte. Acessibilidade é uma conversa muito comum na comunidade teatral e se livrar dessa reputação de que a Broadway tende a ter de ser um mundo de classe alta e mais sufocante. Ao longo da história, os musicais estão cada vez mais acessíveis e as redes sociais são uma grande parte do motivo disso. Veja Beetlejuice – o musical estava morrendo até renascer no TikTok. Há uma sensação de que é uma loucura que isso esteja acontecendo num app, mas também não deve ser descartado. E é realmente legal ver essa comunidade que construímos.” Conta Sull, outra contribuinte do musical.
O sonho de dar vida a Ratatouille: O Musical permanece vivo. E, mesmo que não aconteça como imaginamos, ainda há muito que se tirar dessa história toda: Fazer arte pode ser um processo colaborativo e verdadeiramente democrático. Parafraseando o próprio Chef Gusteau: qualquer um pode cozinhar.
Você pode ver um pouco mais de Ratatouille: O Musical abaixo:
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