Termos Guarda Chuva são palavras que englobam diversas outras coisas, como por exemplo, gênero não binário engloba gêneros que saem da binariedade, como agênero, bigênero e gênero neutro. Mas esse texto não é sobre gênero nem termos gramaticais. O texto é sobre amor.

Amor é um tema já rodado. Temos músicas, livros, filmes, séries e inúmeros textos com essa temática, e esse vai ser mais um.

Amor é um termo guarda-chuva. É um termo que engloba milhares de definições e sentimentos diferentes. Em grego por exemplo temos sete tipos de amor: Ágape, o amor universal; Eros, o amor romântico e apaixonado; Philia, o amor sem paixão, amor de amizade; Storge, o amor familiar; Philautia, o amor próprio; Pragma, o amor que surge das circunstâncias, como um casamento arranjado; e Ludus, o amor sem compromisso. Se em uma língua já temos 7 tipos de amor diferentes, como podemos englobar tudo isso em um sentimento só?

Estava lendo o livro Amor(es) Verdadeiro(s), que retrata a história de uma mulher que casa com o amor da sua vida, e no seu aniversário de um ano de casados, ele sofre um acidente de helicóptero. Após dias tentando achá-lo, o declaram morto. Os anos passam e ela encontra uma paixão da época do colégio, eles se apaixonam, e com muita dificuldade, ela acaba aceitando se casar, mesmo continuando amando o marido que tinha. Ela aprende a amar de novo. Com isso, durante o noivado, o primeiro marido é encontrado e ela passa o livro tentando entender como é possível amar duas pessoas ao mesmo tempo. Isso mostra a ideia de que existem amores da sua vida. Diferentes pessoas que iremos amar enquanto vivemos diferentes momentos. É inclusive bem deprimente acreditar que de 7 bilhões de pessoas do mundo só existe uma que daria certo com você. Nossa vida é feita de amores, contos de fadas e contos de falhas, que nos levam a conhecer pessoas diferentes. 

Amor é um termo guarda chuva. É um termo que contém paixão, amizade, carinho, sexualidade, desejo, raiva, tristeza, felicidade e outros milhões de acasos que vem e que vão.

É errado dizer que amar dói. Amar é apenas um sentimento, o que dói é a falta do amor. É a perda, a saudade, o carinho na distância. Se não amássemos não teríamos motivação para sair da cama todos os dias, e não falo isso de um jeito romântico idealista; digo isso na mais pura simplicidade. Se você não se amar, ou não amar alguém, você não sai do lugar. Se você não amar o que você faz, ou amar algo o suficiente para que fazer isso valha a pena, você não vive. É preciso muita maturidade para entender que vivemos sim pelos outros. Vivemos pela validação, pela raiva, pelo desejo e pelo amor que damos e recebemos.

Platão tem em seus textos o mito da alma gêmea. Esse mito explica o desejo humano da forma mais simples possível. Ele diz que no começo, os seres humanos eram “duplas”, tinham quatro pernas, quatro braços e duas cabeças. Eram fortes, inteligentes e poderosos, e começaram a se unir para chegar aos céus. Sentindo a ameaça de chegarem ao Olimpo, Zeus lança um raio para a Terra que acaba dividindo todos esses seres em dois, deixando-os incompletos, vazios, estando sempre em busca de sua metade. Fofo né? Mas calma lá. Não estou falando que temos uma alma gêmea e que precisamos encontrar nossa metade da laranja, a tampa da nossa panela, para sermos felizes. Já disse ali em cima que acredito em diversos amores em uma só vida, mas acho lindo o conceito de não sermos completos sem sentir o amor, não importa a quem ou o que ele seja direcionado.

O querer quer querer. É isso que Schopenhauer diz sobre o desejo. Queremos sempre querer algo, e é isso que nos move. Não nos apaixonamos por causa da pessoa, nos apaixonamos porque precisamos querer alguém. Nós queremos querer, e por mais brega que isso soe, nós precisamos amar.

O amor é um termo guarda chuva. Então ame e se deixe molhar.