É sabido como a morte de um ídolo nos choca. Mesmo quando não é um ídolo para nós, nos comove: “poxa, ele era o melhor”, “Ele era excelente! Eu deveria ter ido vê-lo”. Esse sentimento une reconhecimento (ainda que póstumo) e, eventualmente, arrependimento, por não ter valorizado a personalidade enquanto ainda era viva.
Pois, particularmente, considero de uma importância equivalente, embora não definitiva, o anúncio da aposentadoria de uma atividade por um ídolo. Contando com a vantagem que ainda é possível reconhecer e homenagear um ex-ídolo em atividade. Será que o fazemos, ou esperamos pelo álibi da morte de um ídolo? Pois é mais fácil dedicar-lhes umas palavras que criticar/elogiar alguém que acabou de parar e ainda segue livre por aí.
Pensei a respeito, quando notei uma chuva de aposentadorias sendo anunciadas recentemente: o tenista multicampeão Roger Federer, o técnico do penta Felipão, o flamenguista Diego Ribas, a queridinha da América Sandra Bullock, Milton Nascimento (dos palcos) e as prováveis últimas Copas de Cristiano Ronaldo e Messi. Se não é a despedida da vida, a aposentadoria pode ser percebida como a renúncia à idolatria. Ou, ao menos, aos holofotes.
E se estamos tão acostumados às homenagens póstumas, porque a mídia parece não prestar homenagens aos aposentados, que deixaram os palcos? Nâo seria mais digno e gratificante uma homenagem em vida, um reconhecimento público no qual o homenageado pudesse sentir o calor de seus admiradores e escutar à cada elogio? Ou acontecem mais aos póstumos exatamente porque não conseguiriam responder?
Prestamos homenagens à cada celebridade falecida; atualmente, temos assistido, também às “últimas danças” de ídolos em atividade, mas ainda são raras as homenagens às celebridades aposentadas. Talvez porque, após deixarem o palco, podem se mostrar demasiado mundanos e esvaziar a mitologia criada em relação à sua figura pública. Ainda assim, acho que seria mais justo homenagear em vida àqueles que optaram por parar com a atividade que lhes garantiu uma reputação notória para poderem, enfim, viver e torcer pelos outros, como meros mortais.