Nascido em 02 de maio de 1906 em Riga, na Letônia, Philippe Halsman foi um dos mais icônicos fotógrafos do século XX.
O vírus da fotografia surgiu aos quinze anos, quando achou uma antiga câmera de seu pai no porão de casa. Comprou um velho livro que explicava como usar as placas de vidro – já que ainda não existiam filmes fotográficos – e começou a tirar fotos de amigos e familiares.
Assim criou um enorme carinho por retratos, o que permaneceu pelo resto de sua carreira. O mistério de cada rosto e a expressão íntima de cada olhar encantaram o fotógrafo.
Quando a irmã foi para Paris estudar Arte, se apaixonou por um francês e logo se casou. Na ida para o casamento, o fotógrafo se comoveu com a beleza encantadora da cidade. Decidiu então mudar-se para a França e seguir seus planos profissionais.
Halsman não gostava da fotografia de moda pariense. As fotos complexas e pretensiosas iam contra a ideologia de Halsman que pregava um estilo simples, forte e realista. Ele logo se via contra uma tendência, e então largou o curso de Engenharia Elétrica para focar apenas na fotografia. A proximidade com a tecnologia o permitiu criar uma nova câmera, uma reflex de lentes duplas (9x12cm ), que possibilitou alcançar um maior grau de perfeição técnica para seus retratos. Com isso, foi se tornando conhecido, sendo considerado até o melhor retratista da França na época.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Philippe Halsman foi um dos privilegiados artistas e intelectuais que fugiram dos Nazistas. Com uma câmera e dúzias de fotografias, ele seguiu com sua família rumo a Nova York, tudo graças a ajuda de seu amigo Albert Einstein. Lá impulsionou sua vida profissional retratando diversos intelectuais, artistas e celebridades. Também foi capa de muitas revistas americanas, com o recorde de clicar incríveis 101 capas da revista Life.
Em 1941 Halsman conheceu Salvador Dalí enquanto fotografava fantasias do artista para uma peça de Ballet.
Nas próximas décadas, a dupla passou a se encontrar continuamente para criar. Surgiu uma amizade prolífica, que colaborou para 37 anos de trabalho juntos, a única na história da arte no século XX que durou tanto tempo.
Entre as múltiplas fotos dessa união, a mais conhecida é a “Dalí Atomicus”.
Na época não haviam retoques digitais, programas para edição e muito menos computadores. Apenas uma película analógica, emulsões para revelar e uma câmera de formato médio eram as ferramentas disponíveis.
A ideia era se inspirar na obra Leda Atômica de Dalí, que para ele significava a chave da vida: cada elemento estava suspenso no ar sem que nenhum tocasse no outro.
Na produção, a mulher de Halsman segurava a cadeira no ar sem que aparecesse o seu corpo, três assistentes lançavam os gatos e outra pessoa se encaminhava de jogar água. Cada uma das vinte e cinco tentativas resultava em 5 litros de água desperdiçado, um pesadelo para o Alckmin.
É claro que ao longo de toda a sua vida profissonal, Halsman ganhou muitos prêmios, inclusive em 1958 quando foi eleito “um dos 10 melhores fotógrafos do mundo”. Também participou de diversas exposições e publicou vários livros fotográficos. Toda a sua criação pode ser vista em seu site.
Abaixo você pode conferir alguns projetos de Philippe Halsman.
Entertainers
“Essa fascinação com o rosto humano nunca me deixou. Cada rosto que vejo parece esconder e, por vezes, fugazmente, revelar o mistério do outro ser humano. Capturar essa revelação se tornou o objetivo e a paixão da minha vida.”
JUMPs
Em 1950 a NBC pediu para Halsman fotografar muitos de seus comediantes populares, como Milton Berle, Ed Wynn, Sid Caesar, Groucho Marx, Bob Hope e Red Skelton, assim surgiu JUMPS.
Foi também um projeto de auto-conhecimento, uma fonte para descobrir algo sobre si mesmo.
“Asseguro-vos que, muitas vezes, antes de se aproximar da pessoa, o meu coração batia, e eu teria que lutar contra todas as minhas inibições, a fim de resolver o pedido para o meu modelo. A cada momento em que o sujeito concordou em ir, que era para me como uma espécie de vitória. ”
Como Philippe Halsman conseguiu transformar o estúdio em um ambiente amistoso e convencer que a responsabilidade era inteiramente dele e não dos artistas ?
Genialidade.
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