Há cerca de 5 anos, zumbis estavam no auge da cultura popular. “Walking Dead” estava sendo cada vez mais esperado por suas próximas temporadas, diversos filmes sobre Zumbis como “Guerra Mundial Z” e “Eu sou a Lenda” fizeram sucesso, além do lançamento de diversos jogos com a temática como “Dead Rising”, e as versões zumbis de games como “Red Dead Redemption” e “Call of Duty”. Mas parece que atualmente o hype do gênero já não é tão mais forte.

O segundo filme de “WWZ” esta sendo eternamente adiado e até mesmo o último jogo “Resident Evil” parece se distanciar da clássica perseguição zumbi. O público procura algo mais humano, algo em que ele possa se reconhecer, beirando o canibalismo, e as novas produções de filmes, séries e games são prova disso.

Recentemente, produções como a comédia-terror do Netflix “Santa Clarita Diet” e o filme francês de terror “Raw” transmitem canibalismo de uma forma mais horrorosa e mais perturbadora que o gênero zumbi clássico, reestruturando o a relação entre humanos e o mundo dos morto-vivos.

Essa nova onda de canibalismo mostra que zumbis como eram representados, pessoas infectadas que morreram e a única coisa que resta são instintos animalescos, já não faz mais sentido, não assusta mais o público. Cada vez mais a indústria se encaminha para algo mais “gore”, mais nojento, que aproxime muito mais o telespectador de um universo de mortos-vivos mais humano, canibal. Algo em que o público possa se enxergar e se enojar.

Apesar disso tudo, o canibalismo, não é novo no cinema. Todos conhecem o clássico dos anos 1990 “O silência dos inocentes”, no qual Hannibal, personagem criado pelo escritor Thomas Harris em 1981,  marcou uma geração. A personagem mostrou como um psiquiatra respeitado pela sociedade e que era aparentemente normal tinha surtos assassinos e canibais.

Contudo, o canibalismo atual se distancia do de Hannibal no momento em que ele não tenta voltar ao gênero de sucesso dos anos 1990, mas sim ser uma evolução dos zumbis que presenciamos até então.

No jogo recém lançado “Resident Evil 7”, os morto-vivos que lá aparecem não são mais somente pessoas infectadas por uma doença e que perderam seu lado humano. Os personagens apresentam características físicas parecidas com os clássicos zumbis, mas interagem como humanos, seus sentimentos não são mais puramente animalescos. A cena do jantar em “Resident Evil 7” é um exemplo claro de humanização dos zumbis e como o gênero vem se reconfigurando. As pessoas sentadas na mesas estão mortas, e por isso excluídas dentro do cenário do jogo, mas ainda sim são pessoas, com preocupações, índoles e sentimentos.

O que presenciamos hoje, é um gênero ajudando a evoluir o outro. Filmes com canibalismo procuram aproximar o ser humano a situação de zumbi enquanto as produções de zumbis procuram transformar as criaturas em algo mais humano, tratando-os como sujeito, e produções como Santa Clarita se encontram bem no meio do caminho.

 

O menino alto apaixonado por desenho, música, comida e viagens. Canal Off, eu te amo.