A violência retratada em um filme pode mudar de diretor para diretor, porém muitas vezes acreditamos que se trata apenas de violência gratuita.

Explosões megalomaníacas de Michael Bay em Transformers ou cidades indo pelos ares em O Homem de Aço de Snyder talvez sejam o exemplo mais claro de violência pela violência. Enquanto nos deparamos com essas escolhas, apenas como entretenimento, podemos perceber que de nada elas acrescentam para a narrativa.

O diretor e roteirista Shane Black é conhecido por dirigir filmes noir de duplas policiais como Máquina Mortífera, Beijos e Tiros e o mais recente Dois Caras Legais e suas tramas retratam muitas cenas de violência, mas de uma maneira diferente, pois há um outro enfoque e motivo para elas acontecerem. Shane usa da violência como uma ferramenta de construção do seu enredo e até mesmo para dar ao público um aprofundamento nas personalidades e características de suas personagens.

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Para o diretor, o gênero noir inova pela maneira que a violência toma forma nesses filmes, ela não acontece por acontecer, mas é destruidora para quem faz parte dela, quem está inserido naquele contexto.

Por Exemplo, a luta final entre Superman e Zod de Snyder, na qual a cidade de Metropolis é arrasada por cerca de 8 minutos de muitos socos e poucos diálogos. Durante esse tempo, além de uma cidade ser destruída, nós conhecemos mais sobre esses personagens?

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Em Dois Caras Legais, há uma cena na qual o personagem de Russel Crowe revela um momento de fúria em seu passado. Ele impediu um assaltante com as próprias mãos e salvou o dia, mas a maneira como isso foi feito deixa claro como o personagem sente prazer na violência e por conta disso, decidiu virar um batedor por encomenda. (não sei como explicar de outra maneira)

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Já na introdução do personagem de Ryan Gosling a violência se apresenta de outra forma. Para tentar invadir um local ele precisa quebrar o vidro e abrir a porta, do jeito que todos imaginamos como deve ser, mas acaba cortando o pulso sem querer e sua missão falha por completo. Em apenas alguns segundos, podemos perceber como esse detetive é frágil e atrapalhado.

A violência utilizada por Black pode ser estranha e inesperada, no entanto ela acontece por um motivo e isso a torna diferente de outros filmes. Muitas vezes a maneira como agimos e sentimos quando nos deparamos com a violência muda e dessa forma as pessoas que fazem parte de suas histórias também, ou seja, é uma aproximação introspectiva e pessoal da personagem através da violência no filme.

Com o pé na estrada e a cabeça na lua.