Na nossa espera pelo Oscar (que só acontecerá no dia 22 de Fevereiro) e para começar 2015 com certa polêmica, vamos dedicar esse mês de Janeiro a atores, atrizes, filmes e diretores que infelizmente não levaram essa estatueta tão cobiçada por muitos que trabalham com a sétima arte.

(Essa lista reflete única e exclusivamente a opinião do autor e o choro é livre nos comentários)

 

10 – O Mágico de Oz (dir.: George Cukor; Mervyn LeRoy; Norman Taurog; Victor Fleming)

Quando? 1940 (12ª edição)

Quem levou a estatueta? …E o Vento Levou

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75 anos depois vemos que essa disputa foi de clássico contra clássico.

Sinopse: Após um tornado em Kansas, Dorothy vai parar com sua casa e seu cachorro na fantástica Oz, onde as coisas são coloridas, bonitas e mágicas. Porém, o seu maior desejo é retornar de volta para casa, para isso ela deve encontrar um mágico, que lhe mostrará como realizar esse seu desejo. Para chegar até ele, contudo, Dorothy, viverá uma aventura inesquecível através do caminho de tijolos amarelos.

…E o vento Levou é com certeza um dos filmes mais incríveis dessa lista. Um épico que beira 4 horas de projeção e um retrato realista da Guerra Civil ianque, onde fortunas e famílias foram destroçadas. Em verdade vos digo: Prefiro O Mágico de Oz, mas na dúvida assista a esses dois clássicos indiscutíveis do cinema mundial e tire suas conclusões.

 

09 – Cidadão Kane (dir.: Orson Welles)

Quando? 1942 (14ª edição)

Quem levou a estatueta? Como era Verde meu Vale

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Dois gigantes do cinema estadunidense: O estreante Orson Welles com Cidadão Kane (que alguns críticos afirmam ser o maior filme da história) e John Ford, já um diretor consagrado, com Como era Verde meu Vale.

Sinopse: A ascensão de um mito da imprensa americana, de garoto pobre no interior a magnata de um império dos meios de comunicação. Inspirado na vida do milionário William Randolph Hearst.

Rosebud. Rosebud. Rosebud. Rosebud. Errou nessa, hein, academia? Errou feio… Mas a história se encarregou de redimir a obra-prima de Orson Welles.

 

08 – 12 Homens e Uma Sentença (dir.: Sidney Lumet)

Quando? 1958 (30ª edição)

Quem levou a estatueta? A Ponte do Rio Kwai

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O primeiro filme de Sidney Lumet (veja a matéria do Newronio sobre ele clicando aqui) acabou perdendo a estatueta em 1958 para o também clássico filme de David Lean (vale lembrar que Sidney Lumet NUNCA foi premiado pela academia, tendo recebido um prêmio pelo conjunto da obra só nos anos 2000).

Sinopse: O filme gira em torno de um julgamento, onde um jovem porto-riquenho é acusado de ter matado o próprio pai. Os 12 jurados (quase todos sem nome definido) se reunem para decidir a sentença, com a orientação de que o réu deve ser considerado inocente até que se prove o contrário. Onze deles, cada um com sua razão, votam pela condenação. Henry Fonda faz o papel do único que acredita na inocência do garoto. Enquanto ele tenta convencer os outros a repensarem a sentença, o filme vai revelando sobre cada um dos jurados, mostrando as convicções pessoais que os levaram a considerar o garoto culpado e fazendo com que examinem seus próprios preconceitos.

A Ponte do Rio Kwai não deixa de ser “mais um filme de guerra”, daqueles que defendem seu posicionamento (o da Aliança, no caso) e endeusa seus soldados que foram enviados para lá a fim de manter o establishment. Nós já vimos esse filme mais de uma vez… Enquanto isso, 12 Homens e uma Sentença pode ser considerada uma analogia de toda a sociedade estadunidense. A sala de julgamento é um microcosmo de toda a sociedade ianque e uma situação retratada e guiada com maestria por Sidney Lumet.

 

07 – Dr. Fantástico (dir.: Stanley Kubrick)

Quando? 1965 (37ª edição)

Quem levou a estatueta?  Minha Bela Dama

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Se você acha que o “retrô” está na moda agora, imagine que a Academia resolveu premiar um musical em que um professor resolve transformar uma florista de rua em uma dama ao invés de uma viagem satírico-dopada de Kubrick sobre jogar uma bomba atômica na Rússia…

Sinopse: As possíveis conseqüências caso um anticomunista e louco general americano (Sterling Heyden) desse a ordem de bombardear a União Soviética com o objetivo de ficar livre dos “vermelhos”, sem se dar conta de que este ato seria provavelmente o início da Terceira Guerra Mundial. Segundo Kubrick: “Minha ideia de fazê-la como uma comédia-pesadelo surgiu nas primeiras semanas de trabalho no roteiro. Descobri que, ao tentar dar mais corpo e imaginar as cenas em sua integridade, era necessário deixar de fora delas coisas que eram ou absurdas ou paradoxais, para evitar que se tornassem engraçadas; e estas coisas pareciam ser as mais próximas ao epicentro das cenas em questão.”

Para não restar dúvida que deram o prêmio para o filme errado, um pouco da interpretação de Peter Sellers enquanto brigava com seu “braço nazista”:

 

06 – Apocalypse Now (dir.: Francis Ford Coppola)

Quando? 1980 (52ª edição)

Quem levou a estatueta? Kramer vs. Kramer

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Sinopse: Em 1970, no Vietnam, o Capitão Willard (Martin Sheen) segue em uma jornada obscura rio acima para encontrar e assassinar o Coronel Kurtz (Marlon Brando), um oficial promissor que acabou indo à loucura e que passou a comandar um exército de fanáticos. A bordo de um navio com jovens soldados, um oficial obcecado por surf (Robert Duvall) e um fotógrafo  freelance (Dennis Hopper), Capitão Willard viaja cada vez mais fundo na escuridão.

Eis aqui, na minha humilde opinião, a única situação de empate dessa lista. Apocalypse Now é a maior obra de Coppola (mas, Vitor, e O Poderoso Chefão? Mi mi mi… APOCALYPSE NOW!!!).

De um lado Martin Sheen novinho, novinho tentando acabar com o exército criado por Marlon Brando e do outro, em Kramer vs. Kramer, o incrível Dustin Hoffman e a bela Meryl Streep em um dos mais icônicos (e um dos primeiros) divórcios do cinema. Era empate!

 

05 – Gênio Indomável (dir.: Gus Van Sant)

Quando? 1998 (70ª edição)

Quem levou a estatueta? Titanic

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Sinopse: Em Boston, um jovem de 20 anos (Matt Damon) que já teve algumas passagens pela polícia e é servente de uma universidade, revela-se um gênio em matemática e, por determinação legal, precisa fazer terapia, mas nada funciona, pois ele debocha de todos os analistas, até se identificar com um deles.

Sobre Titanic ter ganho: “Ao invés de premiar uma história realmente boa, vamos dar o Oscar pra essa ‘chick fling’ do James Cameron já que faturou uma nota de bilheteria.” Lastimável.

 

04 – Além da Linha Vermelha (dir.: Terrence Malick)

Quando? 1999 (71ª edição)

Quem levou a estatueta? Shakespeare Apaixonado

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Sinopse: Durante a Segunda Guerra Mundial, fica claro que o resultado da batalha de Guadalcanal influenciará fortemente o avanço japonês no Pacífico. Assim, um grupo de jovens soldados é enviado para lá, trazendo alívio para as esgotadas unidades da marinha. Lá os recém-chegados conhecem um terror que nem imaginavam, mas no meio deste desespero surgem fortes laços de amor e amizade.

Uma direção impecável de Terrence Malick e um elenco com Jim Caviezel e Sean Penn foram desbancados pela comédia romântica sobre um bloqueio criativo de Shakespeare. Lastimável (2).

 

03 – Sobre Meninos e Lobos (dir.: Clint Eastwood)

Quando? 2004 (76ª edição)

Quem levou a estatueta? O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei

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Polêmica essa afirmação, hein?

Sinopse: Jimmy, Dave e Sean, amigos que cresceram juntos na classe média de Boston, mas que seguiram caminhos diferentes depois de uma terrível tragédia. Anos depois, eventos brutais fazem com que eles se reencontrem. Katie, a filha adolescente de Jimmy, é brutalmente assassinada. Dave parece ter alguma ligação com o crime. Sean, agora um policial, corre contra o relógio para resolver o crime, antes que Jimmy faça justiça com as próprias mãos. Trabalhando com a adaptação de Brian Helgeland para o romance de Dennis Lehane, o vencedor do Oscar Clint Eastwood molda uma obra-prima, um thriller pensativo, lidando com assuntos como a família, amigos e a inocência perdida.

O prêmio de melhor filme ter ido para o desfecho da trilogia de O Senhor dos Anéis era natural (e previsível). Uma trilogia multi-milionária baseada em um clássico da literatura de ficção, porém uma enorme injustiça com essa obra de Clint Eastwood que conta com a atuação brilhante de Sean Penn (vencedor do Oscar de melhor ator daquele ano).

A Academia poderia ter premiado O Senhor dos Anéis: As Duas Torres no ano anterior ao invés do musical Chicago. Tomara que o melhor filme de 2015 não seja O Hobbit, né?

 

02 – Cisne Negro (dir.: Darren Aronofsky)

Quando? 2011 (83ª edição)

Quem levou a estatueta? O Discurso do Rei

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Sinopse: Cisne Negro é um thriller psicológico ambientado no mundo do balé da Cidade de Nova York. Natalie Portman interpreta uma bailarina de destaque que se encontra presa a uma teia de intrigas e competição com uma nova rival interpretada por Mila Kunis. O filme faz uma viagem emocionante e às vezes aterrorizante à psique de uma jovem bailarina, cujo papel principal como a Rainha dos Cisnes acaba sendo uma peça fundamental para que ela se torne uma dançarina assustadoramente perfeita.

Um pesadelo guiado magistralmente por Aronofsky perdeu a estatueta para um filme carregado unicamente pela atuação de Colin Firth como o Rei George VI. Natalie Portman impecável entre a razão e a insanidade em um filme que teve uma boa atuação até da Mila Kunis. Para encerrar o argumento (ALERTA DE SPOILER):

 

01  – O Lobo de Wall Street (dir.: Martin Scorsese) 

Quando? 2014 (86ª edição)

Quem levou a estatueta? 12 anos de Escravidão

The Wolf of Wall Street

Sinopse: Filme sobre a história verídica do corretor da bolsa nova-iorquino Jordan Belfort (Leonardo DiCaprio), do sonho americano à ganância empresarial. Belfort passa de ações de pouco valor e dos ideais de justiça para as OPV e uma vida de corrupção, no final dos anos 80. O sucesso excessivo e a sua gigantesca fortuna aos vinte e poucos anos, enquanto fundador da corretora Stratton Oakmont, deram a Belfort o título “O Lobo de Wall Street”.

Com inúmeras nuances (desde um delírio cômico-dopado do protagonista vivido por DiCaprio se arrastando para seu carro até uma introdução de seu barco no melhor formato publicitário), O Lobo de Wall Street nos apresenta um lado obscuro da “américa” e também analisa as consequências do sucesso nessa área tão cruel que é a bolsa nova-iorquina com Scorsese impondo uma cadência documental-televisiva que nos faz passar despercebidos pelas 3 horas de filme.

Do outro lado, o filme de Steve McQueen (que também dirigiu Shame e Hunger, outros 2 filmes meia-boca que também contam com Michael Fassbender – acho que a culpa é dele. Esse ator não fica bem nem de Magneto) nos mostra mais do mesmo em um filme embasado quase que exclusivamente nas incríveis atuações de Chiwetel Ejiofor e da belíssima Lupita Nyong’o.

 

Eu também acho que o DiCaprio deveria ter levado o Oscar de melhor ator, mas isso é assunto pra semana que vem…

Sai sempre de casa com uma palheta, uma câmera e um livro.