Netflix odeia lésbicas? Aparentemente, sim. Recentemente, a série First Kill, que contém protagonistas sáficas (mulheres que gostam de mulheres) foi cancelada;  isso levantou um rebuliço do porquê de todas as séries com protagonismo sáfico são canceladas pela Netflix.

O seriado aborda o romance de uma vampira com uma caçadora de vampiros. A trama é descrita como uma mistura de Crepúsculo, Romeu e Julieta e Buffy, a caça vampiros.

Junto com essa série, os programas I’m Not Okay With This, Everything Sucks, Atypical, The Society e One Day At a Time também foram canceladas nos últimos anos, enquanto séries como Riverdale e 13 Reasons Why, que são séries horríveis, tiveram seu final.

A plataforma se pronunciou, dizendo que o cancelamento ocorreu por conta da pandemia; mas e as tantas outras séries que tiveram continuidade? Riverdale é uma das que começou como uma série ok e, ao seu final, sem o menor contexto, os personagens que começaram investigando um crime da cidade terminaram com superpoderes e um culto mágico extremamente sem sentido. 13 Reasons Why, então, nem se fala: já começou com cenas explícitas de estupro e suicídio, ativando gatilhos a torto e a direito e terminou abordando muito mal temáticas como bullying e tiroteios em escolas.

Cena de Riverdale em que bebês voam

Das que foram canceladas, a série One Day at a Time por exemplo, conta a história de uma família latina nos Estados Unidos, em que a filha mais velha se descobre lésbica e vai contando para a família católica e desfazendo seus preconceitos. Além da representatividade LGBT, o programa também tratava da problemática de Estresse Pós-Traumático em veteranos de guerra, como é o caso da mãe da protagonista, e do preconceito e dificuldade que imigrantes latinos sofrem no país.

Outro exemplo é The Society, uma série sobre um grupo de adolescentes que sai para um passeio escolar e, quando volta, encontra a cidade completamente vazia. Eles precisam criar uma sociedade para conseguir sobreviver e utilizar com inteligência todos os recursos da cidade, além de tentar descobrir o que aconteceu. Legal, né? Pois é, nunca descobrimos o que houve ao final, porque a série foi cancelada! Ela também tratava de temas como gravidez na adolescência, violência doméstica, política, bullying, entre outros. Era uma série realmente excepcional.

E não é só a Netflix que está sendo atacada: a Prime Video também caiu na mira dos assinantes quando cancelou The Wilds, uma série de duas temporadas sobre um grupo de meninas que sofre um acidente de avião e fica preso em uma ilha deserta. Duas dessas meninas acabam se apaixonando e o seriado trabalha tanto a heteronormatividade quanto a própria homofobia religiosa de uma das meninas.

A invisibilização e estereotipação de mulheres sáficas é tanta que a própria sigla só foi virar LGBT, colocando o L no começo, após anos de luta para maior visibilidade dessa parte da comunidade. Mulheres gays são vistas como vulgares, predatórias, abusivas e agressivas, além de terem seus relacionamentos extremamente fetichizados; já mulheres bissexuais são vistas como promíscuas, falsas e mentirosas, até mesmo dentro da comunidade. Em um mundo com representatividade sáfica tão escassa, a falta que essas séries farão é imensurável.