“Roube como um artista: Não se limite a roubar o estilo, roube o pensamento por trás do estilo. Você não quer parecer os seus heróis, você quer enxergar como eles.” essa frase não se aplica somente a nós, meros mortais, mas também (e principalmente) grandes cineastas como Wes Anderson.

Conhecemos Anderson pela sua estética idiossincrática, com suas cores pastéis e detalhes de produção implacáveis. Entretanto, sua cinematografia combinada a habilidade de direção o inspirou a produzir filmes ricos em homenagens cinematográficas a seus diretores favoritos.

Podemos observar diversas referências em O Grande Hotel Budapeste (2014), por exemplo. O diretor quase reconstrói por completo uma cena de Cortina Rasgada (1996), o thriller de Alfred Hitchcock com Paul Newman e Julie Andrews, que também envolve um hotel do leste europeu. Há muitas outras sequências semelhantes presentes no longa de Anderson, que não se satisfaz em apenas referenciar o trabalho de Hitchcock, mas transforma-o para que se encaixe na sua visão colorida e simétrica, adicionando à experiência da história e desafiando as expectativas do público.

O Grande Hotel Budapeste (2014)
Cortina Rasgada (1966)

O diretor já revelou que estudou muitos filmes sobre hotéis, inclusive compartilhou-os com a equipe e o elenco para que pudessem assistir durante a produção do longa de 2014. As marcas dos filmes dessa coleção podem ser vistas por todo o caminho que a obra de Anderson traça. Caso tenha visto Cortina Rasgada, sabe como o personagem de Newman abala o homem que o segue; agora, se já viu O Grande Hotel Budapeste, sabe que o mesmo fim não se dá ao personagem de Jeff Goldblum, tornando o projeto todo ainda mais extraordinário e surpreendente.

O Grande Hotel Budapeste (2014)
Cortina Rasgada (1966)

Wes Anderson faz um ótimo trabalho desmistificando a exclusividade da criatividade: É muito difícil criar algo do zero, se é que isso é possível. Tudo que criamos é um conjunto de roubos alheios, referências que encontramos e carregamos para os lugares. O que fazemos dessas referências, como as transformamos e moldamos a partir da maneira que enxergamos o mundo, é que faz a diferença. É o que leva Anderson para os tapetes dos Oscars continuamente e alavanca novos artistas pelo mundo todo.  

No vídeo abaixo você poderá ver mais detalhadamente a dimensão das semelhanças das obras de Wes Anderson e seus diretores preferidos.

Construindo minha odisseia com palavras que encontro por aí