2019 foi o ano de finalização de uma grande saga da Marvel Studios, conhecida como A Saga do Infinito (2008-2019), um ponto de virada para o estúdio que fez com que  seu planejamento fosse ampliado não apenas em longa-metragens, mas para séries também, sendo WandaVision (2021) a primeira a ser lançada pelo streaming Disney+.

Sua nova saga, A Saga de Multiverso (2021-2025), prefere se arriscar tanto em gêneros não muito usados por eles quanto formatos novos, como é o caso de especial de Halloween Lobisomem na Noite (2022), que é uma aposta por ser em um novo formato e também por conta de ser inspirado em um personagem Classe Nível C de popularidade.

Conhecido por seu trabalho em trilhas sonoras, como Thor – Ragnarok (2017), Ratatouille (2007), The Batman (2022), e mais recentemente em Thor – Amor e Trovão (2022), o compositor Michael Giacchino estreia em seu 1⁰ projeto na direção e composição na intenção de homenagear os filmes de monstros dos anos 30 e 40.

CUIDADO! Esse texto terá SPOILERS de Lobisomem na Noite

O filme já começa cumprindo sua intenção de homenagem aos filmes antigos de terror quando coloca todo um filtro preto e branco durante 90% do média-metragem, com apenas o final sendo colorido; essa é apenas uma decisão estética do diretor, assim como a utilização de efeitos práticos para conter mais violência e sangue dentro da produção. Algo a destacar é justamente a maquiagem animalesca do Lobisomem/Jack Russel, interpretado por Gael García Bernal, ator que faz você se afeiçoar tanto pela versão humana, quanto pela espera da chegada da besta que Jack guarda dentro dele.

Outro destaque da produção é a caçadora do sobrenatural Elsa Bloodstone, interpretada por Laura Donnelly, uma personagem muito importante pela sua linhagem e também por sua participação entre os personagens místicos/sobrenaturais da Marvel, sendo até uma integrante dos Filhos da Meia-Noite dos quadrinhos da Marvel (essa é uma equipe em potencial que pode ser formada futuramente no MCU, mas isso é papo pra outro texto). 

Já que o tema da produção era justamente sobre monstros, além do Lobisomem, outro que faz a sua estreia no MCU é o Homem-Coisa ou Ted. O personagem foi criado nos anos 70 dentro de uma série de antologia chamada de Savage Tales, assim como Conan, O Bárbaro e Ka-Zar, O Senhor da Terra Selvagem, e essa antologia servia como teste para introduzir novos personagens dentro de universo dos quadrinhos, como foi o caso de Strange Tales, apresentando Doutor Estranho, Nick Fury, Ulysses Bloodstone (pai de Elsa), dentre tantos outros e a série Amazing Fantasy, que apresentou o Homem-Aranha.

Essas antologias funcionaram durante o começo da editora para estabelecer seus personagens no mercado e acho que essa nova leva de especiais da Marvel Studios podem funcionar do mesmo jeito, sendo Lobisomem na Noite um grande exemplo disso; apresenta 3 grandes personagens para o live-action, além de expandir a mitologia do universo sobrenatural antes da chegada de Blade, O Caçador de Vampiros, e talvez a formação de uma equipe…

Mas não é apenas em questão de roteiro e estética que esse especial se destaca, já que a grande estreia de Michael Giacchino como diretor com certeza chamou a minha atenção, por conta de arriscar fazer takes sem mostrar a criatura e deixar o espectador no suspense; apesar de não ser aterrorizante, não deixa de brincar com a sua curiosidade. Agora falando em inspiração, Michael Giacchino fez as devidas homenagens aos filmes dos anos 30/40 como Lobisomem em Londres (1935), Lobisomem (1941), e por incrível que pareça, O Mágico de Oz (1939), quando a troca de cor ocorre fazendo uma referência magnífica à Dorothy.

Bom, após rasgar elogios para essa nova produção e para esse novo modelo de abordagem para o Disney+, é preciso falar algo ruim disso tudo… Mas eu não consigo! Simplesmente me apaixonei pelos personagens, pela história, pela abordagem do diretor, que já mandava bem em trilha sonora e agora vai com certeza ter um futuro brilhante. Mal posso esperar para ver esses personagens se relacionando com os outros heróis e agora que Blade está sem diretor, Michael Giacchino seria uma ótima escolha para tomar esse lugar. Sendo assim, concluo que Kevin Feige, como sempre, faz ótimas escolhas para trazer o melhor de todos os mundos e os próximos especiais que vierem serão tão bons quanto Lobisomem na Noite.