Uma pergunta que parece estranha, mas é o que Clarice Lispector nos faz questionar em sua crônica “Se eu fosse eu”.

Como Clarice mesmo diz, acho que nem meus amigos iriam me reconhecer, porque até minha fisionomia iria mudar. Imagina só! Você ser de fato você, que loucura né?

Citando o comecinho da crônica:

“Logo de início se sente um constrangimento: a mentira em que nos acomodamos acabou de ser levemente locomovida do lugar onde se acomodara.”

Às vezes queremos tanto nos encaixar nas panelinhas da sociedade que mentimos para nós mesmos sobre quem somos, e essa pergunta nos faz tirar esse band aid de uma vez.

Não é fácil pensar nesse questionamento igual naquele outro, sabe? Se você fosse invisível, o que faria?

Acho que ambos têm o mesmo objetivo: nos fazer pensar na liberdade de fazermos o que quisermos.

Liberdade.

Caminha lado a lado da coragem.
No mais novo lançamento da Pixar, Red: crescer é uma fera”, a personagem principal, Meilin, após ser metamorfoseada em um panda-vermelho gigante, passa a viver mais para ela e menos para a mãe.

Ao se transformar no seu eu animal, Meilin passa a ser verdadeiramente ela – acho que quando Clarice disse sobre a fisionomia mudar, não estava pensando em algo tão drástico, né. O filme é bem mais complexo que isso, mas, por agora, é um ótimo exemplo sobre você ser você e ter coragem para se libertar.

Eu, particularmente, não sei o que eu faria se eu fosse eu, se teria mais coragem ou mais liberdade.

Mas e você, o que faria?