Começo com uma pergunta banal, você nasceu no planeta Terra? Já foi ao cinema alguma vez em sua vida? Logo, posso ter certeza de que a Marvel esteve presente em sua vida, mesmo que pouco. O sucesso, que vem lá de 2008 com o primeiro Homem de Ferro, passou mais de uma década como o principal produto audiovisual nas telonas. Mas hoje podemos dizer que estamos de saco cheio dos super-heróis? É… Sim.
Vamos lá, para aqueles que não sabem ou ainda não perceberam, os filmes da Marvel seguem uma estrutura muito conhecida, chamada “Jornada do Herói”, criada por Joseph Campbell. Explicando, imagine um personagem, qualquer um. Agora vou contar a história dele. Bom ele provavelmente, começa como um Zé Ninguém, talvez órfão, ou com a ausência de um pai ou mãe. Ele mesmo não tem esperanças para sua vida, mas um certo dia ele recebe a visita de um sábio ou alguém que lhe dá um toque para se movimentar. Assim o personagem percebe que talvez tenha um propósito e decide iniciar a sua jornada. Ao longo da trama, ele sofre uma derrota e vê que deve treinar mais e mais para assim derrotar seu inimigo. Enfim, ao encontrar o anti-herói, aquele que o está contrariando, seu mestre se sacrifica por um bem maior e, dessa vez, isso motiva seu personagem a despertar um poder oculto que o ajuda a derrotar o adversário. Por fim ele volta à sua casa como um herói e sua jornada termina.

E aí, associou à alguém? Talvez, Harry Potter? Luke Skywalker? Peter Parker? Katniss Everdeen? Bom, desculpe te dizer isso, mas todos eles têm a mesma história. Mas, agora você me pergunta, o que difere essas sagas? Vamos lá, primeiramente, construção de personagens, espaço e tempo.
Voltando ao queridinho de Hollywood, Marvel. Hoje, eu analiso algumas coisas que têm feito os filmes da produtora saturarem.
Primeiro, fazendo conexão com o que acabamos de falar, o roteiro nada inovador. Além de estarmos de frente para a mesma estrutura toda santa vez que nos sentamos na poltrona do cinema, hoje em dia parece ter uma falta de tentar mascarar isso. “Ah, mas você não acabou de mostrar que diversas sagas seguem essa mesma estrutura?”. Sim, mas também disse que há outros fatores que influenciam a narrativa, e olhe bem, não vejo muita inovação na construção dos personagens (psicologicamente falando, todos seguem o arquétipo do Herói), nem do espaço (cidade grande, planeta com alienígenas genéricos, campos de batalha destruídos) e não vou nem considerar a cosntrução do tempo, já que a composição do universo requer que tudo esteja perfeitamente alinhado e mudanças temporais são totalmente construídas posteriormente para deixar tudo programado.
Segundo, a produção em massa. Para esse tópico é nítido que o ditado “a pressa é a inimiga da perfeição”, não está nos lemas da empresa. Desde que se deu início à fase quatro, foram apresentados diversos filmes e séries, e lá atrás, isso nos empolgou muito, mas a ilusão foi por água abaixo depois de She-Hulk, Gavião Arqueiro, Doutor Estranho e Thor: Amor e Trovão. A decisão de transformar o UCM em uma produção fordista foi o que cavou a cova deles.
Hoje, estamos sofrendo as consequências da escolha da Marvel de privilegiar a quantidade ao invés da qualidade, forma que encontraram de lucrar em grande escala. A saturação e cansaço de ver o mesmo arco do filme anterior e já saber que vai ser igual no próximo. O cinema é cheio de idas e vindas, podemos estar enfrentando uma baixa na tendência ou o fim de uma era. O que nos resta agora é esperar as cenas dos próximos capítulos.