Antes de começar esse texto, quero que pense na sua visão audiovisual a partir da pergunta: você deixa sua opinião ser formada a partir dos outros ou a forma partindo da sua própria experiência? Dito isso, pense na resposta durante as próximas experiências que você tiver vendo um filme, série, podcast, etc.

Agora, olhe para tudo que está passando nos trending topics do Twitter ou até mesmo em trends do Tik Tok e, se possível, compare as bilheterias e números de audiência com a nota que recebeu da imprensa. Percebeu algo semelhante? A influência dessas críticas estão extremamente interligadas com o público, prejudicando o seu desempenho e muitas vezes até cancelando o projeto de vez.

Um grande exemplo desse tipo de caso foi o filme Babilônia, do diretor Damien Chazelle, que ganhou um destaque na época de sua produção por conta de seu elenco e as obras passadas que o diretor fez, como La La Land e Whiplash, porém, ganhou um tomate podre no site Rotten Tomatoes. No final, o filme não conseguiu arrecadar nem metade do que era preciso para cobrir os custos e gerar lucro.

 Analisando com esse caso, parece que o papel da imprensa é o mesmo de um algoz, definindo o destino de um produto a partir da própria opinião; idealmente, é um papel de “contenção de danos” para o público: a partir da opinião do jornalista, ir ou não ver uma obra audiovisual, conectando o povo com os estúdios. Na realidade, eles realmente estão mais para o lado do algoz.

Só que não é apenas isso, a maioria desses formadores de opinião nem ligam em ter uma conexão pública, mas uma visão mais hierárquica. Como podemos ver no atual Super Mario Bros. – O Filme, que é definido como um filme de animação voltado para o público infantil e de 223 jornalistas que deixaram seus reviews no site do Rotten, 43% deles o criticaram negativamente, comparando com a versão dos anos 90, o igualando e até mesmo disseram que preferiam a versão live-action. Sem contar os comentários de outros formadores de opinião, um tanto quanto conservadores, reclamando do filme ser ‘Woke’, já que a Princesa Peach é mais independente e para eles isso é errado. Porém na parte do público, 96% dos 10 mil reviews deixados no site o elogiaram tanto que fez o filme ter a melhor estreia para um filme de animação desde Frozen.

O caso desse filme me inspirou a escrever esse texto, já que quando eu vi as primeiras impressões, minha animação para ver o filme despencou drasticamente, mas é mais importante tirar a própria conclusão do que deixar a ser levado pela opinião da manada. A única ressalva da produção são as soluções fáceis que a trama segue, que sendo mais elaboradas poderiam deixar o filme um pouco mais longo, mas não é algo que o compromete, já que é um filme divertido e com o material-base para a história (quase inexistente) foi feito um roteiro muito decente para contar a jornada de um encanador e seu irmão indo parar na Terra dos Cogumelos. É também perfeito para ver com a família, então com certeza ninguém vai ficar dormindo no cinema, ao invés disso, não vai parar de dar risada.

Outro ponto é que parece que o público faz questão de não entender o método de avaliação desses sites de crítica. Claro, sites como Imdb e Letterboxd são de fácil entendimento, já que é feita uma média ponderada a partir das notas, ou de 0 a 10 ou 0 a 5, mas sites como Rotten e Metacritics simplesmente não fazem sentido. Primeiro, você só pode votar na parte dos críticos se for reconhecido pelo próprio site, depois coloca se dá um tomate podre (ruim) ou tomate maduro (bom), calculando a partir disso e de outros usuários a média do site. Por exemplo, Super Mario Bros – O Filme tem atualmente 57% de aprovação dos críticos do Rotten, a partir de 223 reviews feitos, ou seja não é nota 57 ou 5.7, mas sim que, de 223 pessoas que viram o filme, 127 gostaram e 96 não gostaram, e fica por isso mesmo.

Agora me diz, qual é o real papel do crítico na nossa sociedade atual? Agora parece que, por mais que nós sejamos influenciados por boa parte desses sujeitos, eles nem ligam em indicar esse filme ou não para a massa, apenas utilizando o conceito do meio para incitar que o conhecimento deles são mais vastos, já que assistiram todos os filmes da face da Terra e desfrutaram de todos os gêneros cinematográficos e televisivos.

Chego então na conclusão, um tanto quanto agressiva, de que essa profissão pode até ter feito sentido no passado para ajudar o público a se decidir, mas hoje são apenas uma ferramenta para influenciar a opinião alheia e definir o que é e o que não é tal assunto, não seguindo um papo muito mais filosófico e aberto para interpretações. Por conta disso, indico para você que quer formar a própria opinião o atemporal livro 1984 de George Orwell e reformulo a pergunta que realizei no começo: você vai formar sua própria opinião ou vai deixar alguém formar para você?