Imagine dois cenários sobre assuntos distintos: o primeiro no qual existem diversos DJ’s genéricos, produzindo (ou “pedindo” para alguém produzir) músicas eletrônicas extremamente comerciais e genéricas. E o segundo no qual inúmeras pessoas sofrem com o problema da má utilização dos espaços públicos, seja no que tange moradia, escolas, hospitais ou qualquer outro lugar que demande infra-estrutura adequada. Frente à isso, Paulo Tessuto (Carlos Capslock), Carol Schutzer (Cashu), Laura Diaz (CARNEOSSO) e outros artistas (como L_cio) dão um profundo significado de resistência às festas de música eletrônica.

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Fomentados pelo cisma político do Brasil atual, as festas se propõem a denunciar a má utilização dos espaços, da mesma maneira que cada elemento presente nela, desde a sua divulgação, são regadas de significados, majoritariamente os que defendem a liberdade e os direitos mínimos dos cidadãos, os quais nem sempre são cumpridos. Ao mesmo tempo que repudia atitudes, como discursos preconceituosos, atitudes ofensivas e qualquer forma de opressão, como a citação da Cashu e CARNEOSSO (responsáveis pela Mamba Negra) exemplifica: “…a gente tem uma identidade coletiva e multifacetada em constante transformação. Acho que só esses fatores juntos já acabam ativando discussões que constroem esse lugar de liberdade sexual, cultural, política”.

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Os produtores, músicos, DJs, videomakers, artistas visuais, técnicos e performers são independentes e criam uma experiência única, ambientada em lugares inóspitos (galpões e fábricas abandonadas), escuros, preenchida por efeitos visuais luminosos, gelo seco e uma lista seleta do cenário underground de techno. Além disso, as festas são dotadas de profundidade, no seu tema, concepção e divulgação interna, sempre priorizando a liberdade de expressão, liberdade sexual e a simples liberdade de se divertir como cada um quiser, seja indo embora às três horas da tarde com dresscode tribal ou cyberpunk.

Segue um exemplo da jam eletrônica “Teto Preto”, que utiliza a música e produção audiovisual independente como ferramenta de protesto:

Crítico mirim, desenhista amador, escritor júnior e futuro diretor (se tudo der certo).